domingo, 27 de julho de 2014

TravaTempo

O tempo que não pára e que inutilmente travo, acelera!
Travo-me e trato-me com outras velocidades.
Ser mestre do seu tempo
é ser o seu mais bem comportado filho.
Tenho sido pródigo.
Venha de lá essa lenta paternidade
enquanto sossego.


Vaz Dias

Posto de escuta

Posto de escuta.
Ponto de observação.
Escuto-vos sem opinião.
Observam-me com o rasgo 
da crítica à exaltação.
Mas não me custa.
Porque escuto.
O vosso olhar gritou
o que entre o choro
e o riso
me tocou.
O troca discos
toca aquela
que nesse meandro
perdido no encanto
doutros silêncios
e de alguém
que ruidosamente
mudo, vos escutou.
Ruidasomente se calou,
para que mestres
dos silêncios cantados
se fizessem escutados
e da observação nossa
que os elevou.
Somos vistos
e achados
do que no posto de escuta
alguém com o olhar
gritou!

Acorda!

Acorda.
Desenlaça-te dessa teia.
Morde o lábio inferior
e rói a corda.
Sê a aranha
em movimento retrógrado.
A besta de mandíbula cerrada
que se acalma
e redobra
o sossego da alma.
Calma.
O dia e o sonho futuro,
lavar-te-ão do ser
o tormento do passado.
Presenteia-te.
Sem freio.
Sem receio.
Presenteia-te!
Porque assim deve ser
e já estás atrasado.
Acorda!


Vaz Dias