sábado, 16 de abril de 2016

Sorrir sem pressas

Traça o sorriso um sorriso de futuro. 
Uma beleza de passados 
Sorrisos. 
Delineia-se uma esperança. 
Nasce-se belo. 
Mas é como sorrimos 
Ao tempo 
Que criamos beleza. 
Sorri e sê bela! 
Fundamenta essa tão 
Pródiga natureza. 
Sorri sem pressas!

VAz Dias

domingo, 10 de abril de 2016

Quando grito o que canto!

É escarpa.
É rudeza que quase mata.
Mas é guerreiro
do coração,
que grita o que canta
mas protege
o que lá se guarda.
Quem lá se guarda.
Deixa ir quem se escapa.
Luta.
Protege.
E guarda.
Fere quem passa
resvalando,
sólido quem lento
se detém.
Se fosse ar, escapava.
Se fosse mar, dissimulava.
Se fosse fogo, apenas de ti ardia.
Sou terra, rude e agreste
com fogo de quem de mim tem.
Arde e segura-te
se não escapas
ou como ar que vai
que ainda agora
daí vem!
Abraça a escarpa.
Vida dura, que também mata.
Mas é terra de fogo.
Onde o amor arde
e as paixões se consomem.
É escarpa e terra de fogo
o que de mim têm
quando se guardam
no coração.
Quando grito o que canto!

VAz Dias

#palavradejorge

Chama. E arde!

Arde a vista.
à vista, desarmada.
Longe da vista,
no coração.
Amada.
Mas ardente,
porque não pode
ver de perto.
Por perto fica
o ardor, o que faz os olhos
descansarem.
Descontente é quem não
chama.
Arde a vista
de quem sente
e não desarma.
Não desama.
Chama.
E arde!


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Falácia de amor

Treme o tempo
De diante.
Desconfiado meliante
Confirma o crime
E desmente
O que está à vista
De toda a gente.
Treme e fere.
Rasga de passado
Ferida que não esquece.
Adormece!
Tremor adormece
Antes que te faças
De novo dor.
Esquece!
Traz-me a lembrança
Para de novo
À prece
A lucidez se apresse.
Cada um faz
O que bem lhe apetece.
Doa e trema ao outro...
Não interessa!
É tapa dor.
É casaco de tremor.
O que primeiro
Que ao amor falece.
Falácia de amor
Acontece.


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Outros seus encantos, na cega confiança.

O olhar que resvala
noutro canto.
O que canta
fora do plano?
Só pode ser tudo menos
de a mim o encanto.
Promessa de presença
propensa ao engano
teu.
Nunca meu!
O riso que desdenha
o seu engano
mal sabe
como se engana.
Patranha
enganada
de desconfiado olhar teu.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Lenta Metragem

Um filme que faz a vida
correr veloz.
As vidas velozes
que se parecem películas.
O meu tempo
que em cada momento
desacelera
da velocidade infernal
a que a vida nos condena.
São as horas escuras,
que lentas,
nos trazem a lembrança
das amarguras.
Das horas duras
e da vertigem a que nos
lançamos, sob pena
de pouco vivermos.
Câmera vagarosa alente-se
para a história
de curtas horas
que eu tenha presente.
Do que fiz decente
Ou atempadamente.
Desacelere-se a rodagem
Do meu filme.
Dê-se-lhe tempo!

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Tua viva voz Mãe

Toca lá no fundo
Uma guitarra.
Vem de lá, do futuro,
A voz dela entrelaçada
Entre cordas
Que ecoam e passam
Pelas portas duma casa
Que fora já sua.
Lá fora o cinza
O céu suja
E a voz sua
Canta ainda mais a saudade.
Mas vem do futuro
Duma voz que passado
Vivia em tão preenchida casa
Sua.
Agora cá ecoa uma guitarra
Que faz viver através das portas,
Das paredes,
Do passado,
Tão saudosa voz sua.
Na minha lembrança
E na minha saudade tua.
Mãe o teu fado
Em minha saudade ecoa.
A tua voz em nossa casa
Perdura!


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Definhando por horas perdidas...

Descarrego o corpo
neste leito morno.
Deposito as vestes
que a penumbra de mim
veste
e despe como único traje.
Volto-me para o lado mais
obscuro.
Sintonizo a desatenção
no ruído dos outros.
Nos comentários e em fotos
de cores cinzentas
imitando felicidade.
Desfalece o corpo
de sobriedade
como ébrio tantas vezes
se alegrou. Ou se escondeu.
Ou se matou.
Desmereço a pele
e o osso
e tudo o que posso.
Fica a alma
palpitando um ténue
movimento.
Por um momento.
Por um tormento.
Por tantos falecimentos.
Fúnebre é o cortejo
do meu corpo
ao folclore das alegrias
alheias. E as minhas
a meias.
Deposito o corpo
como caução
até reaver alma.
Falecendo por
melhores dias.
Definhando
por horas perdidas...


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Borboletas zangadas

Quando as borboletas se transformam em zangões e o estômago uma gruta de gritos. Ecoaram zumbidos como a tempestade num deserto, mas fechada, a verborreia pressente-se como areia que bate no peito. Cortante! Afiando lágrimas que queimam a pele. Estar vivo mata-se com silêncios.

VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬
Quero fugir para aqui um pouco. Onde o teu silêncio me permite ensurdecer o ruído e a palavra ser um elogio. Porque fugir para bem, nem que seja esse pouco, é estar contigo também. É o que agora quero e prefiro. Vem!


VAz Dias

‪#‎palavradejorge‬

Demoras tanto!

Desabafo e fecho
a boca.
Abro a palavra à escrita.
Deixo a boca mordida
com vontade de ralhar
as dores.
Maldita vontade
de tudo o que me empertiga
e ainda mais o amor.
O desamor e a falência
do tempo...das horas.
Tenho de calar
o bocal altifalante
do irascível errante
na impaciência às demoras.
Demoras tanto!
E o meu pranto vai para
o canto
que te parece de alegrias.
A expressão é enganosa
mas não tanto
quanto as horas
em que me desmoronas.
As eternidades
a que me demoras.
Às horas em que me perdias...


VAz Dias


‪#‎palavradejorge‬