Descarrego o corpo
neste leito morno.
Deposito as vestes
que a penumbra de mim
veste
e despe como único traje.
Volto-me para o lado mais
obscuro.
Sintonizo a desatenção
no ruído dos outros.
Nos comentários e em fotos
de cores cinzentas
imitando felicidade.
Desfalece o corpo
de sobriedade
como ébrio tantas vezes
se alegrou. Ou se escondeu.
Ou se matou.
Desmereço a pele
e o osso
e tudo o que posso.
Fica a alma
palpitando um ténue
movimento.
Por um momento.
Por um tormento.
Por tantos falecimentos.
Fúnebre é o cortejo
do meu corpo
ao folclore das alegrias
alheias. E as minhas
a meias.
Deposito o corpo
como caução
até reaver alma.
Falecendo por
melhores dias.
Definhando
por horas perdidas...
VAz Dias
#palavradejorge
Sem comentários:
Enviar um comentário