quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Imagina-nos

Por momentos
Imagina-te minha
E eu teu.
(Eu que nem vejo
As coisas assim).
Mas imaginemo-nos
Juntos.
Depois de toda a descrença.
E da indiferença
A que o amor
Nos devotou,
E de como ele te trouxe
A mim.
Acreditas em tudo perdido
Com centelha
E eu acredito em tudo ganho
De pobreza.
Acreditamos no nada.
Deixemo-nos assim estar.
Talvez o desamor passe por nós
A nos raptar.
Ou um amor a cada um chamar.
Mas imagina
Se fôssemos nós.
Que parelha!
Que nós a desembaraçar!
Após tudo,
O que seria de nós?

VAz Dias

#palavradejorge

Demasiado Pesar

Filho da mãe
É o destino que remove
Um filho
A quem lhe deu vida.
Uma mãe que vê perdidas
Todas as oportunidades
Futuras
De ver crescer
E serem concedidas
Os milagres
Do dia-a-dia
A um inocente menino.
Destino é sinónimo
De injusto desfecho
Para quem tinha vida
E mais um resto.
Filho de um cabresto
É o destino.
E eu tão pequenino
Para entender.
Vá-se entender!
Merece-se perder?
Contesto.
É demasiado perder!
É demasiado pesar!

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 28 de agosto de 2016

Para sempre é para a vida

Somos tão descartáveis.
Tão rapidamente
Impressionáveis
Para depois
Crescer olho de desdém.
Neste jogo
Ninguém é melhor
Do que ninguém.
Quem disse que jogo?
Que colaboro
Para esse jogo de vaidade
Ou inveja?
Cresça pessoa. Cresça!
Vem mundo atrás
E jogo é só passatempo.
A vida é que merece
O nosso tempo.
Conto.
Conta o tempo.
Seu contratempo.
Meu se desinteressa.
Adeus.
Para sempre!

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Não a essa saudade

Saudade é coisa de moer.
De extender o bem
Do passado
E vê-lo a se perder
Pelo tempo
E por quem se tenha
Amado.
Não tenho saudade!
Procuro encontrar
Em ti um futuro.
Não te desejo para
A saudade.
Futuro existe
E outro arde.
E se arde
Que arda o amor
Que nos leve adiante.
Mas não te escolhas
Distante.
Não é ela que me fará
Sentir a tua falta.
É o que falta para a frente.
Fala.
Façamos um presente.

VAz Dias

#palavradejorge

A contento

Ajustei a camisa.
Olhei para trás
E o trilho que se pisa.
Poiso o pensamento
Neste particular momento.
Quem precisa
De causar a si próprio
Tanto tornento?
Preocupação de futuro.
Adiante!
Acalma-se o homem.
Envelhece-se.
Aceita-se.
Ajusta-se a camisa
E o desconforto
De ruga e a pele
Que não mais é lisa.
Ajusta-se a premissa
Para logo,
Ou amanhã,
Se mudar coisas
Desajustadas de passado
A contento.
Com tempo.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Silêncios rasgados

Hoje queria embebedar-me
De shots de silêncio teus.
Olhares vilipendiosos
Que só à noite
Se fazem rogados.
E nós regados
De olhares rasgados
(Como os teus)
E de meus em sorrisos.
Silêncios sentidos
Em palavras de te admirar
E atirar com um ou outro
Galanteio.
Tens recheio e beleza
Que me cala.
Agora. Sem freio!
Sim. Agora calo-me!

VAz Dias

#palavradejorge

Recomeçar

O problema do tempo
É que apesar de nos termos
Encontrado no mesmo,
Um partilhado,
Ela depois
E eu de muito antes
Não o tínhamos.
Bebia-lhe dos olhos
O elixir de me renovar.
Ela sorvia do nosso tempo
Para se emancipar.
Havia correlação
Mas sem compromisso.
Sem tempo
Porque ela corria desenfreada
Para os epítetos de segurança.
Os dos velhos.
Os que para mim
Já tinham sido postos em causa.
Eu devagar
Acolhia o seu tempo curto.
Corrido
E fruto daquela idade.
O problema do tempo
É que deste ainda arde
Quando devia caminhar
Para lume brando
Com o tempo da outra pessoa
Em comum passando.
Mas não sou do meu tempo.
Vim a esta vida
Aprendendo
E buscando algo para levar.
Seja o tempo novo,
O presente
Ou um futuro lugar.
Uma outra vida
Recomeçar.
O problema do tempo
Para a maioria
É desistir de recomeçar.

VAz Dias

#palavradejorge

Mente mente

Parece certo o que corre
Pelo cérebro.
Mente a Mente
Manipuladamente
O Coração sente.
"Errada mente".
Erradamente um coração
Desmente
O que a razão repete.
"Pergunta.
Pergunta Coração
O que a Mente sente."
Sente um coração
O que a mente mente.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 21 de agosto de 2016

Sonho dançando acordado

Danças-me aqui
Por entre as horas
De sono.

Não durmo
Sonhando-te mal.

Uma valsa silenciosa
Fazendo-se presencial
E tu que não me largas
Nem apertas
O corpo de cansaço...

Um abraço deitado
Do passo que alcança
Mais outro sonho minimal.

Desperta ou deixa-me
Descansar
Se não te importares.
Quero-te.
Suave
Deslizando
Pele em pele
Até ao nosso palco
Ser chão de algo tão etéreo
Como um sonho tornar-se
Eterno.
Infinito.

Um abraço.
Um passo.
Ou um beijo que impele
O descanso
Do sonho
De ti
Ser assim tão repetitivo!

Bom dia é uma dança nova
Que à noite
Me fizeste em chão frio
Dormir mal.
Mal por mal dança-me
Outro sonho.
Mesmo que não durma.

Sonha-me e talvez alcance
Eu esse passo .
Tavez um sonho
Contigo dance
Por ser ele
O nosso.
Dança.
Danço.
Posso?

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Danças-me

Gastas horas
De te não pensar.
Luzes que me encandeiam
Com sons que não de ti.
Mas vem a manhã.
E com ela a lembrança.
Tu e toda a tua
Presença.
Em mim danças.
Sou chão
Que a tua vista alcança
E tu luz
Para o nosso pezinho
De dança.
Sim. Fugi para enfim
Te lembrar.
Não há presença em mim
Sem ti.
Esperança.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Pausa. Toca de novo.

Toca a nossa canção.
Em surdina ela omite
A palavra e a intenção
De a pronunciar.
Apenas os acordes
Que tudo dizem
Do que ficou por falar.
Não começámos nada
Que ainda não estaria
Para soprar.
...
É a pausa na harmonia.
A pausa é harmonia.
É o meu acorde
De te despertar.
O teu silêncio feito
Em mim.
A canção toca.
Banda sonora de uma longa-metragem.
Desvanece
Até te fazeres anunciar.
Toca-me!

VAz Dias

#palavradejorge

Revoltados sentados do lazer

Revolto-me com a dor
Que permitimos.
Somos pequenos
E a reduzir
De dia para dia.
Rebentam bombas
E choram crianças.
Somos nós
E eles nas suas circunstâncias.
Revolto-me com a dor
Que permitimos.
Não recebemos
Porque só sabemos
Receber turisticamente.
Só criticamos distantemente.
Amamos em cardinal
E algo vai mal.
Criticamos em cardinal
E algo vai mal.
Não fazemos nada
De substancial
Senão revoltármo-nos
Do que longe vai mal
E perto não estivemos presente.
Há crianças a morrer
Enquanto permitimos
Esse futuro desaparecer.
Revolto-me desta boca morrer.
De os ver a morrer
E só falar
E revoltar-me
Por todos
Nada fazermos.
Revoltados sentados
Do lazer.

VAz Dias

#palavradejorge

Desperto da tua insónia

Fiquei desperto na tua insónia.
Sei (sinto) que buscas
Libertar-te.
É segredo teu eu sei.
Resgato para mim essa vontade.
- e se não fôr, o que me interessa
a mim?-
A minha liberdade
É saber-te livre.
Ainda que secretamente.
O teu interesse de fugir
E beber da sabedoria.
Como desejas esse néctar
Dos sapientes!
Eu escondo-te essa vaidade.
"Que sabemos mesmo
Se temos tempos diferentes?"
Quero que descubras em mim
Asas de voar livre.
Bela vontade.
Bela vaidade.
Peca por metade.
Peca sem maldade
Mas com a malícia
De quem quer vir.
Vem.
Temos ambos
Algo a descobrir.

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

"Habitualmente"

Toca um piano.
A solo entra
Na banda sonora
Da vida que passa alheia.
O simples movimento
Dela a vestir
Aquele casaco fino
Para noite de verão.
O tempo para o piano
Fazer dela e desse momento
Uma perfeita simbiose.
Abre o verde.
Entra a voz.
Ela segue
(Noutra vida).
Veloz.
Tão lentamente quanto
Entrou.
"Habitualmente".

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Pequeno poema para ti

Pequeno poema para ti.
Pequena demonstração
Do que me fazes sentir.
Grandes são os dias
E longo o tempo
Como a dor
Por de ti carpir.
Devia afastar-me
E descobrir o que vales
A sós.
Como se apenas
Nos encontrássemos.
Eu sozinho com a ideia
De ti.
Amor,
Preciso de me afastar
Para te reconhecer.
Para me reencontrar.
Para seres única
E para ti
Partir.
Amor, é por ti
Que fico sozinho.
Para um dia "nós".
A sós.
E um mundo inteiro
Para descobrir.

VAz Dias

#palavradejorge

Amor, és morte nas outras!

Deixei-te pelo caminho.
Cem de uma repescar.
Tudo igual.
Mar imenso
E pouco de encantar.
Amei-te mais de cem vezes.
Uma por cada uma
E a ti voltar.
Amante do meu pesar
Que me sorris
Para tudo me tirar.
Sou perda
E tu
Tudo para amar.
Mais um mar.
Mais uma vida.
Mais uma para me perder
De novo em ti.
Morro a cada letra,
A cada palavra,
A cada inspiração
Deste teu legado
Ar pesado de respirar
E morte para em ti
Desaparecer.
Perder.
Definhar.
Morro por ti.

VAz Dias

#palavradejorge

Anti Poeta de Matar

Como que sair de mim
Fosse a solução
Para os meus paradoxos.
Para a insuportável
Forma de eu ser.
Canso-me de me aceitar.
Amo-me demais
Para compensar.
É natural que ninguém
Mais queira.
Aceitável!
Mas preciso de corpos
Para me neles perder e zarpar.
Nem essa crua humanidade
Consigo perfazer em mim.
Detestável.
Pequeno e reduzido fim
Que não chego a tempo
Para completar.
Selecto comum
De defeito um!
Grito-me em cabeça ôca
Com todo o pensamento gasto.
Nefasto repasto
De comer e calar.
Vou ali me atirar.
Transformar-me em mais um
Para me aturar.
(E essas que não vêm
Que se deixem ficar.)
Atiro-me só.
Ou nova vida
Ou a boca calar.
Quero copular
Com boca ôca
E massa cinzenta atirar.
Partir paredes e reformar.
"Não posso mais contigo!"
Parto o espelho e lá te manténs
Para me torturar.
Ahhhhh
Ahhhhhhhhhh

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Silenciámos uma luz

À velocidade da luz
Desencontrámo-nos.
Era cosmicamente
Alinhado mas a vontade,
terrena.
Ela era terra quente
E luz de me encandear.
Fugi dali a anos-luz
Mas perdi-lhe rasto
E deixei.
Ela seria sempre a
Sua própria escolha.
E eu silêncio.

VAz Dias

#palavradejorge

Promete Verão Quente

Esse calor
Que de ti se sente.
Que se funde
Com a temperatura
Presente.
Que se confunde
Com o que
A tua ténue vontade
Pretende.
A que sabem esses beijos
Quando a palavra derrete?
A que sabem quando
O calor a derretê-los
Promete?
Promete que me guardas
As palavras
Quando delas nos calarmos
E com beijos
As esquecermos.
Promete!

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 14 de agosto de 2016

Sonho-te por reflexo

Enquanto te envolves
Por entre
O jogo de espelhos
Que são os meus sonhos
Desperto por minutos
Para te realizar.
Sais duma sala
Que te devolve ao meu
Olhar desperto.
Refreio.
Busco perceber se lá fiquei.
Espelhos de te sonhar.
Volto para te ver.
Sonho para adormecer
E ali ficar.
Vejo-te como me vês
Que te vejo.
Vou sonhar-te
Reflexos para me veres
Como te vejo.
Para tu ficares.

VAz Dias

#palavradejorge

Viajar ao amor

É por entre estes demónios que as horas me deixam. Desamparado busco em ti, quem quer que sejas, o alívio de quem viajou para o futuro. Comprei bilhetes e refugiei-me na viagem de mim. "Jet lag" das viagens que perdi.
Sou assim. Deixo ir antes que venham até mim. A culpa não é de ninguém. É passado e os demónios também já não incomodam. Compro viagens. Assinalo as passagens esperando cruzar-me contigo. Quem quer que sejas. Se estiveres disposta para a viagem. Se te cruzares em mim.
Vou viajar. Para dentro e de novo para mim. Como posso (re)conhecer-te se não estiver em mim?
Talvez sonhar ajude. Voltar.
Amar. Reaprender a amar.
Viajamos se assim se proporcionar.

Sou poeta de mortes permanentes

Sim, sou louco.
Porque me exponho
E desenho retratos
Da minha fragilidade.
Do amor que não tenho
E que não tenho aos outros.
Do sofrimento disso
E dos outros por mim
Que dei tão pouco.
Mas dou muito
Por todos. Louco.
Amar é de loucos
De ficar só
E fazer poemas
Para não morrer já.
Atirar pétalas
Ao tempo,
Já em cada momento,
Até que jaz
Num qualquer outro tempo.
Mas queremos amar
Nem que a morte
Em pétalas venha
E nos leve.
Amo de vida até cada morte.
Numa flor nova
Que se invente.
Sou poeta de mortes permanentes.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 13 de agosto de 2016

Entre mornos momentos

Entre mornos momentos
Acicatava-se a vontade
De lhe adornar o restante tempo
Com palavras.
Em silêncio permanecia.
Como que sorrindo
(Já que não a via)
E dando mostras de me
Brindar com algo contestável.
Ela tinha jeito
Para a minha cegueira.
Ela fazia palavras em mim.
Tão visivelmente
Quanto eu a queria ver.
Queria eu acreditar
Que havia luz
Na dispersão de temperaturas.
Era verão
E as palavras surgiam
Com vista ao seu elogio.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Quando dialogamos

Quando se dialoga com silêncios
E os nossos olhares
Se prendem a palavras
Sussurradas por entre suspiros.
Os meus de te imaginar
Assim também.
Os teus de me tocarem
E se versarem a teu contento.
Contemplo-te esses silêncios.
Louco achando para mim.
Talvez sim.
Senão também não seria diálogo.
Tu poeta por mim
E eu louco por ambos.
Faço um sorriso calado
Quando dialogamos.

VAz Dias

#palavradejorge

Buscarei que me busques

Buscarei que me busques.
Quando te persigo
Passo a criminoso
De crime não cometido.
De ser cárcere
Em mundo livre.
Esse sentimento
É o meu maior castigo
E por isso desisto.
Persigo a tua busca
Ao meu silêncio remetido.
Este versado
E cantado
De boca amarrado.
Vem na busca
De mim
E de toda a palavra
Que há tanto tempo
Tenho-te guardado.
Para ti
Se quiseres.
Se buscas um poeta
Calado.

VAz Dias

#palavradejorge

Uma prova de amor

Uma prova de amor.
Foi isso que saboreamos um do outro.
Provámos e ficou o momento cristalizado no tempo. O sabor guardado como aquele cheiro que um dia mais tarde nos reporta ao momento.
Somos nós e as nossas circunstâncias. Os ganhos e as perdas. Aceitar e voltar a perder. Amor é uma prova de vinhos em tarde de paixão. Traga-se o fruto moído e sorve-se. Embriagam-se os sentidos. Vivemos adocicados pela inverdade do momento. Sonhamos cada um o nosso sonho e iludidos fazemos parecer um no outro o mesmo.
Apenas foi uma prova. Uma lenta apresentação numa curta tarde. Já não arde ou talvez nunca tenha plenamente tomado a nossa frente. Assim diz agora a mente e a razão. Somos diferentes. Todos e sempre.
Infinitamente.
Fomos uma prova de amor em que não se engoliu o futuro.
A realidade.

VAz Dias

#palavradejorge

Negro

Negro.
Medo.
Magro de poder.
Fado de foder
E faca de furar.
Vai a outro matar
Enquanto o tempo
Pára de travar.
Ai agora vai acabar!
Faca de furar
Com fado de foder.
Vais ouvir-me a cantar
Tudo o que me queres
Fazer perder.
Negra noite.
Obscura puta de fazer
Um homem se perder.
Pagas e sais a perder.
É exagerado
Demasiado
De um normal
A isto se submeter.
Horror.
Dor.
Negro
Medo
De morrer.
Acabam-se já as tosses
De veneno sorver.
Verborreia
De apodrecer a boca.
Cospe.
Raspa.
A palavra vai morrer.
Basta.
Basta...
Besta!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Perto do sol

Há paz melhor do que a que encontramos por nós?
Que aceitamos e é conquistada por nós?
E a sorte de vivermos junto ao sol
E ao mar
E junto à vida?
Quando julgamos da sorte perdida
E da incapacidade de reagir
E ainda assim sucumbimos?
Somos donos do destino
Antes da morte
E perto do sol.
Ainda haja liberdade
Para fazer o que preferimos.
Amo a vida de morte!

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Beijo bucólico

Se um beijo contorna um traço com outro, 
fechar os olhos é inventar um quadro bucólico. 
Cedes à paisagem traços osculados 
de poemas que líricos não sabem pintar. 
Deste-lhes sonhos e isso são as cores todas de um mundo. 
Beijo é boca calada que vive fora de um quadro.     

VAz Dias

#palavradejorge

                                                                        

Olhar rasgado

Olhar rasgado.
Aperta o peito
De homem.
Coração ao alto
De sangue dela
Que palpitava dos dias
De ontem.
Bomba mecânica
Entra ela em acção.
Perde-se razão.
Perde-se o homem
Submetendo-se à
Desejada perdição.
Rasga coração.
Rasga a paz.
Rasga um beijo
No imaginário.
Rasga-me do marasmo
E do passado.
Rasga-me a razão
Rasgas-me!
Rasga-me a página
Dessa outra história
E rasura e faz-me história
Do teu sangue.
Sensação.
Já te conhecia
De um livro que deixou
Um outro poeta a meio.
Convicção.
Papel que rasga a mão.
Mão que segura
Um poema
Como última opção.
Rasga-me coração!
VAz Dias
#palavradejorge

Podíamos...mas está bem.

Só por loucura te escrevo.
Te invento paixão
Em meu favor.
Existes mas no amor
De outros
E em especial
Do teu.
Eu sou um transeunte
Que fito tudo com olhos
De miúdo curioso.
Ingenuidade de tudo
Tocar pela primeira vez
Mas de novo.
Releva.
Revela-me o teu segredo
De amor.
De como se cai nas graças
De ser um mundo
De alguém.
Fico áquem
De aqui e além.
Desperto, desperto-te
Um sonho ao lado
De quem te tem.
Não quero esgueirar-me
Por aí.
Apenas passo
A compasso do tempo
Que passa
Com o ritmo cardíaco
A que me trespassas.
É de ti
Que este ritmo provém,
Porém,
Sigo até ali,
Acolá e mais além.
Bom dia.
Podia.
Podíamos...
Mas está bem.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pensei inventar-te como novidade. Mas não quero saber como. Apenas apresenta-te e logo saberemos se finalmente nos encontrámos.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Porventura

Com tantos segundos
De vida
Abalroando a paixão
Caíndo no esquecimento
Do meu próprio amor
Fiz um caminho.
Porventura destino
Porventura escolha.
Ou escolha
Fruto de destino.
Faço segundos novos
Para serem
Os primeiros
Desse outro novo
Que pretendo ser.
Fico velho de tentar.
Fico miúdo de lá chegar.
Mas é amor que tem de entrar.
Sem horas de esperar
Ou dias de ser.
Vou a tempo
Mesmo que a paixão,
Ou o amor
Ou que quiser o destino
De mim crescer.

VAz Dias

#palavradejorge

Amar o receio

Decido amar de novo.
Aceitar a dor que pode advir
Das dores inflingidas
A seu custo no passado.
Não é prendê-lo
Fora,
É libertá-lo dentro.
Sem receio
E agora muito menos
Sem freio.
Porque acre habilita
A doçura
E a morte a vida.
Renascer é prova de amor
A nós próprios.
É crescer contínuo
Mesmo com essas mortes
Pelo meio.
Vou sem medo
E virá quem vier.
Se vier.
Se foi feito.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 6 de agosto de 2016

Condenado de palavra livre

Fui condenado a ser poeta. Na vida anterior e ainda nesta desaproveitei tudo o que os amores me tinham para dar. A simplicidade do estar. O segredo de ficar. Vidas que me ofereceram por amor.
Fui condenado a ficar preso às palavras livres. As únicas que me levam a cruzar os céus mesmo que encarcerado em amores inexistentes. Vejo e roubo desejos e juras de amor tentando redução de pena. Redução duma sentença promovida por esses amores agora felizes. Não sei se pelo meu castigo se pelo amor que lhes é entregue de igual modo. Fui condenado e aguardo, livre aprisionado, de aprender a amar. Escrever e rasurar até o quadro ficar gasto. Até aprender a amar à sua maneira.
Tenho pena, porque vi que as pessoas ficavam aprisionadas umas nas outras, como se não existissem como pessoas. Eram propriedade. Fatiguei-me de as julgar minhas. De as possuir. Quanto mais o fazia mais me prendia...mais as prendia e para mim, mais as perdia.
Sou condenado por ser livre e nas palavras livres, viajante. Se não há corpo há tempo e céu para viajar.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ouro

Ouro são os anos
Em que se depurou
O conhecimento.
Ouro é ser dono do tempo
Por lhe ser humilde.
O meu tempo é precioso
Porque sei quem sou
E o que devo
À rectidão.
A arte é a minha profissão
E nela vi reflectida
A minha fé.
É de ouro.
Eu sou ouro
Nascido de latão.
Nunca prostituto
Da sua falta de consideração.
Atente!
Não morro de fome
Porque dentro de mim
Há alimento de alma
Que lhe escapa à compreensão.
Respeite!
É ouro de convicção.
O seu ouro não me compra.
O seu ouro para mim
(Caro senhor)
É latão.

VAz Dias

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sonhar Amor

De vez em quando
Quando não me vês
Gosto de me lembrar
De ti.
É de loucos
Ser-se um platónico
Amante.
Ter saboreado
E ter sonhado bastante.
Sou poeta
Porque não sei chegar-te
Melhor.
Reservo-me ao direito
De transcrever
O que sonho.
Como se sonhava antigamente.
Como se amava.
Agora já não sei.
Só ficou o sonhador,
Poeta e caminhante
E crente
De um despertar melhor.
Perdi o amor.
Perdi-te.
Perdi-te amor!

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Sexo deposto

Dor crónica essa guerra
De mulher que foge
E corre atrás
De quem lhe foge
E corre atrás doutra.
Ou outro.
Eu sou o supra sumo
Último da fila
Que corre atrás.
Ou serei o primeiro
Que não quer mais?
Vocês são todas loucas.
Inflamam-se de um jogo doentio
De uma dor
Que alguém vos induziu.
Porra!
Já chega!
Jogos onde não há regra
Senão vingar a dor passada.
Alguém a fatura há-de pagar.
Renuncio-vos o meu coração.
É bom e não serve
Para ser jogado de mão em mão.
Cuspido e deitado fora
Com tanta falta de humanidade
E merecida compreensão.
Matem-me já!
A carne é podridão
E o corpo vosso
A minha perdição.
Game over senhoras
Donas da vossa própria provação!

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Reflete Deus

É nas bermas
Dos dias
Que os homens e suas crias
Palmeiam a luz
Que nos agracia.
E feito de luz o mar
Reflete o que Deus
Nos queria.
De paz e de caminho
O amor respirar.

VAz Dias

www.facebook.com/groups/palavradejorge

Carpe o mar

Carpe o mar
De meu descontentamento.
Bate e rebate
De eterno regresso nesse movimento.
Como um choro
Que suplica para vir
À tona.
Ser onda
E rebentar em pedra dura.
Perdura o descontentamento
E a tristeza
Que em mim é líquida.
Liquida-me
Ou rebenta-me.
Que duma se irrompa
Esse mar que tanto me descentra.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Acho que te perdi...

Desencontramo-nos
Nesta vida. Uma vez mais.
Somos crónicos
Perdedores um do outro.
Vida e vidas passadas.
E esta que provinha dessas.
Estamos fadados
A caírmos um no outro
E depois no esquecimento
Das vidas.
Uma vez mais
Perdeu sentido.
Por tudo o que tínhamos sentido.
Estou perdido.
De mim.
De ti.
Das pessoas e o futuro.
Tudo é demasiado furtuito
E eu a envelhecer
Para além dos poros.
Estou sem lugar,
Sem tempo...
Sem noção.
Acho que te perdi...

VAz Dias

#palavradejorge