segunda-feira, 26 de junho de 2017

Sal desterra

Banhei-me tantas vezes
Desse mar de solidão
Que o sal
Em mim se fez terra.
O mar que invade
E se despede do chão
Que nos dá pé
Não nos quer
Mas deixa marca.
Corro desenfreado
Para tudo o que de mim
É tempo
E de mim abarca
Sem perder pé.
Banho-me uma vez mais.
Mais as vezes
Que darei braços
Às marés.
Volto do sal
Que o tempo de mim
Fez.
Não é culpa de ninguém.
É de vivermos
Sem terra
E fazermos barca
De todos os reveses.
Sou mais braços
Do que pernas
Mas confesso
Que me ergo vertical
Em terra molhada.
Sal da terra
De mulher banhada.
É tudo quanto um homem
Se pode prometer
E ser sal
Do mar em terra firme
Que tem de percorrer.

VAz Dias

#palavradejorge

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