segunda-feira, 14 de maio de 2018

A cotovia do parapeito esquecido

É tarde.
Tarde vem do dia
Que repousa no
Parapeito.
Uma cotovia
Canta só
Enquanto as restantes
Sem rumo
Dançam a preceito.
Os minutos
São miúdos
Que chutam a bola
Sem se preocuparem
Com a tarde,
Ou os minutos,
Ou as cotovias.
Havias de ver
As viagens que faço
Lá dentro de ti
Sem me deixares
Entrar.
Sem me ouvires
Ou sequer teres
Interesse.
Mas esse mesmo
Desinteresse
Faz de mim presente.
Olhando-te em tudo.
E nem que não venhas.
E nem que me gostes
Ou ames,
Há tempo para o Nunca.
Cada vez mais
Te quero Nunca.
Talvez um dia
Me queiras Sempre
Mas Nunca esperarei
Isso.
Esse é o meu compromisso
Amar sem ter
Sem prometer
Sem expectar.
Sou imperecível à morte
E ao desdém.
À nulidade
Ou a alguém.
Um dia morri várias
Mortes
E amei viver.
Um dia fizeste-me viver
Também para sempre
Sem que soubesses
Sem que eu precisasse.
Um dia escrevi
Isto debaixo da tua língua.
Quando te esqueceres
Beija-me de novo.

VAz Dias
#palavradejorge

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