"gosto de ti (...)
gosto (tanto) de ti"
e não me ouviste...
fizeste como se não
me ouvisses.
eu perdi amor
do amor teu
terra-firme.
atirei o meu batel
para me buscar,
meio perdido
meio para lá
do alto-mar.
"serei mar
e tu serás terra-firme."
farol que desenvolve
a rotação da luz
que me diz
enquanto o batel
em mares calmos se afasta
{luz-escuridão-luz}
"amo-te...
a- mo -te...
a - m o - t e ...
a m t ...
a m e
a a e e"
esvaí-me em mar-alto
no meu mar-próprio.
no meu amor pródigo
e fecundado em marés.
"e és.
és tanto...
és..."
a amada das minhas despedidas.
há nada nas minhas feridas.
nem dor nem amor.
só ausência
de tudo e de ti.
e eu sou esse mar-todo.
de esperança no amor-próprio
e propriamente
no amor-alheio.
sou feio nos olhos
que choram este mar.
sou malévolo
por desamar.
sou marinheiro,
batel,
armada
e o meu próprio-mar.
não sou nada
sem te amar.
mas gosto de ti.
gosta tanto de ti
nos ecos que chegam
de alto-mar.
mas a luz do teu farol
não veio
ouvir nem me chamar,
segue altivo
para o salvamento,
para as boas vindas
de quem quer mesmo
chegar.
de quem vê no meio
da escuridão a luz,
de quem no dia
lhe produz
a sensação
de a ter procurado.
serás terra firme
e eu sempre mar.
indo e vindo
e tu terra para quem
quis ficar.
gosto de ti.
tanto de ti.
de mim mar
a ti terra,
da terra ao mar.
desterrado de amar.
de te amar.
gosto de ti...
gos... to de... ti
go che... go che...
che... che... che...
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