Por lapso
perdi-me da palavra.
Perdi-me por nunca
me ter sido nada.
Em tempos na porta
de entrada
aquela noite malfadada
traria o exemplo.
E depois a palavra
que lhe assentava
como uma chapada.
cresci do lado da mãe.
da mulher desvirtuada.
da mãe mais que mulher.
da mulher menos que fado.
deu ao mundo vida
e do fado só os dias
onde a voz ficou
guardada
para o murmúrio.
o fado fazia-se desprezado
não pela voz
mas pela escolha.
pelo doença que toma
a mama
pela mama
que já não se toma.
nem de mãe
muito menos de mulher.
de fado.
de nem às paredes
lhe dar azo
nem uso
nem prazo.
tudo calado.
Misoginia
a palavra que desuso.
um triste fado.
Sem comentários:
Enviar um comentário