É neste intervalo
onde a saúde descansa,
para se compreender e reflectir
através da doença.
Não há tempo
que me convença do contrário.
Não é pensamento arbitrário.
É fruto das enfermidades
provocadas.
Auto-infligidas.
Inconscientemente buscadas.
Talvez as senti do meu pai.
Grande experimentalista
dessa dor que à saúde
tinha de contrapôr.
Ou da minha mãe,
que de menos aventureira,
lá se rendeu à doença
sem outra opção.
Ela sim deu à vida
a saúde que a doença levaria.
Do ventre fez trazer
dois filhos vivos.
Mais um nado-morto
e outros nada. Pronto.
Ela experimentou a saúde.
Ela viveu a doença.
Quer isto dizer,
que a sorte me acompanhou
e a saúde é minha pertença?
Ou deveria ser feita de ausência,
por quem dela mais procurou.
Jogo e brinco à vida.
Abuso da saúde,
como se de herança celeste
me tivesse sido oferecida.
Busco na doença,
nessa peste
que é a minha guarida,
a verdadeira noção
do que é mais importante.
Se é ter saúde sem compreensão?
Ou se é melhor então, morrer de doença de coração?
Vaz Dias
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