Escrever por escrever.
Manter o registo
dos silêncios.
Precaver a perda de memória
do espírito.
São do tamanho dos
compêndios
esses silêncios.
Não que seja saudosista.
Quero só saber de mim
antes de partir.
Poder ser velho
por contar anos
e não deixar de saber
contar.
Escrevo por escrever
para te lembrar.
Tu que o fizeste antes.
Foste desaparecendo.
Definhando.
A letra tremeu
mas a caneta nas tuas
mãos de pé,
vertical,
escreveu como que
a própria morte desafiando.
Escrevo porque me ensinaste
A escrever.
Mais!
Ensinaste-me a escrever
para além da vida.
Escrevo por escrever
por ser a minha mão
uma oração
onde a graça me deste
o Saber.
Sou a extensão de te escrever.
A mão do braço
Que um dia me segurou
Noutro me ensinou
E a sua vida pela minha trocou.
Voou
Mas como garça
Nos meus poemas
A sua alma planou.
Há poetisa
Nestes versos.
Há tristeza e ainda
Mais alegria de regresso!
Foi a sua alma
Que a minha
Para a escrita convocou!
VAz Dias
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