quarta-feira, 1 de julho de 2015

Tenho fome. Está na hora!

tenho fome.
a minha barriga ronca
pede que a calem.
mas a fome
é maior e que em mim
habita.
ela grita
porque não a podem calar.
ela exercita e expurga
o alimento veneno
que de fora
e à mesa se apresenta.
"senta-te!
não tenhas pressa!
come!"
come tudo o que te mandam.
e cala-te!
a tua fome é de silêncio.
porque comes o que te mandam
e não passas a verdadeira.
consome farta-bruto!
faz-te um homem
para a sociedade!
sacia-te para meteres na mesa
o que te ensinaram.
"assim não passas fome"
dizem essas porcas inchadas
e fazes do próximo
mais uma presa.
sua besta.
eu quero a fome que não me cala.
a que grita por mais palavra.
que de sopa de letra
se arregala.
quanto mais grito
mais emagreço.
dou da minha gordura
ao pior preço e se não for
de borla.
levem para se alimentarem
e levarem embora.
mas voltem com fome
"está na hora!"

VAz Dias

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