segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Poeta sem razão

Estou a ficar velho
Para esta merda.
Sonho em voltar à bebida,
Ao fel da vida
E ao tabaco
Por consequência.
Abre-se ferida
Se não tiver consciência.
É para isto que serve a paixão.
A crença desmedida
E chapar duro
E rude no chão.
Num chão de betão da razão
E onde o amor
Seguiu.
Via rápida para outro
Lugar.
O mesmo de sempre,
Ou seja,
Longe de mim.
É assim, e fica o homem
Atado ao poema,
Feito poeta enclausurado.
A liberdade de sofrer
Alheado
Do que o comum mortal
Tem gratuitamente bafejado.
Sangue da terra
E fogo por todo lado.
Ardeu.
Perdeu-se
A razão que por ele
Se tinha apaixonado.
Morre o homem por outro lado,
Esvaindo-se em fé
Pelo concreto
E pelo mesmo fado.
O canto do cisne
Nesse canto
Do mundo desligado.
Sangue pisado
Pelos que amam cinicamente.
Esses são os donos da razão
Que querem lá saber
Do que vem do coração.
São crescidos
E os poetas
Umas crianças neste mundo cão.
Morreu o homem
E o poeta sem razão...

VAz Dias

#palavradejorge

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