Desinteresso-me. E não digo com uma suspeita de superioridade moral ou intelectual. Até acho que o mundo está repleto de seres altamente ricos nesses capítulos, muito para além dos meus. Também sei que parte "pintam" um quadro bonito demais para o que são. Mas desinteresso-me. Talvez seja depressão... mas não ligo a isso. Não tenho tempo nem espírito. Estou sem espírito. Estou sem paciência e deixo estar quem vem. E vai. E pouco faço para que fique. E se ficar, quero? Não quero estar afastado de mim e da aventura que ainda possa vir. Mesmo a morte. Essa é para se viver só. Até na dor. Só. Para doer menos a todos. Para acabar logo.
Desinteresso-me porque quero tanto a todos e logo em seguida me arrepender de tanto. De tanto que em nada se deve precipitar. Somos feitos de conexões. As de sangue e de onde para o sangue deveria correr. Para quê? Para sermos mais uns dos outros? Talvez. Talvez eu esteja tão desapegado que estou por minha conta lutando com carne e ardor para ainda me sentir vivo. Falo com as pessoas que sei que vão partir nas suas vidas... e bem. E reencontro-as a espaços. E chega-me. É o maior interesse que lhes entrego e que me suscitam.
Mas desinteresso-me e parece um pecado. Um daqueles de quem já não acredita e ficou com esta vida como prova. Estrelas no céu para metáforas. Vidas passadas para alimentarem a nossa vicissitude e sensação de existência. Tenho pesadelos no labor. Na relação que posso dar aos outros. Deveria me desinteressar. Mas o sangue corre para ali. Onde me agarro com unhas cravadas. (Que nada lhe falte! Que nada lhe falte!).
Que nada me falte para lhe não faltar a ela. E fico com o restante. E o desinteressante eu que só quer dos outros o bastante e o justificado. E basta! E desinteresso-me. E então?
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Desinteresso-me
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