fico sem vontade
de escrever.
tanta palavra mal gasta
tanta palavra cara
dada ao desbarato
tanta palavra a mais
correndo à apreciação.
o meu medo era este.
escrever para a atenção.
solidão exposta por aí
sem dar vazão
à paz que escapa.
escrevo como a reza
antes de dormir
e como masturbação.
carta endereçada ao seio
do coração.
às vezes mais seio
mais mama
outras mais peito
mais coração.
mas é palavra que ganha vida
na visão doutros.
deixa de ser minha
para passar a ser obra
ou apenas nota de rodapé.
mas para a fé,
alguma,
pouca,
que faça a alma inquieta
a mente mais desperta
ganhar pé
altitude
e profundidade.
há-de haver um dia
que escreverei tão bem
que possa desistir da atenção.
(cada vez que escrevo
parto dessa intenção).
terça-feira, 1 de outubro de 2019
Pé de Vento
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