quarta-feira, 11 de junho de 2014

Verão Resfreado

Quero-te tanto
verão gélido!
Na proporção da frieza
com que te trato.
Não consigo te ser crítico
na proporção
do meu alheamento.
Do meu distanciamento
estúpido.
Não me apareces,
nem eu te devo reclamar.
Fui eu com outros tantos
que te afastámos.
Com o nosso egoísmo.
Com a nossa vontade de te viver
todos os dias.
E só és bom
por existires por ti.
Termos-te inventado,
foi ter-te tido como parente afastado.
Como um que gostamos
mas que com outro
nos acomodámos.
Acomodei-me de sentir calor.
Queimei-te verão.
Agora te reclamo.
Mas frio me respondes
de tão individual
aquecimento.
Agoro refresco-me
de verão afastado.
Ausente, alheado.
Não és tu,
sou eu,
verão resfreado!


Vaz Dias

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