Já não sei porque
Escrevo.
Fizeram-me fraco.
Da escrita fiz-me forte
Para depois ir fraquejando
De novo.
Repudiam-me graciosamente.
Sou uma princesa
Numa redoma de vidro,
Intocável
E sem calor.
Branca.
Azulada
Se torna a pele
Do nervo.
O erro da experiência constante.
O desaparecimento
Humano
Traduzido em palavras
Infinitas entre eu
E tu.
E todos.
Estagnado
E perdido no céu.
Estrela de centelha
Na imensidão de estrelas.
Ar parado.
Poemas são poeira cósmica
Que enchem livros
Das nossas memórias.
Fizemos o tempo.
Longo ou curto
E eu fiquei para aqui
Agarrado às palavras
E à velhice do ser.
Já era e enchi-me
De juventude com a alegria
Dessa maioridade.
Mas foram-me envelhecendo.
Talvez fossem as palavras.
Ou as pessoas.
Ou os amores
E as desventuras.
Peito cheio
De cansaço.
Esvazia.
Enche.
"Que cansaço!"
Era tudo mais simples
Se não soubesse.
Era tudo melhor
Se soubesse fazer melhor.
Só sei talvez escrever.
Por desabafo.
Ou nem isso.
Já não sei
Por que
Escrever.
Se ao menos amasse...
VAz Dias
#palavradejorge
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