quinta-feira, 23 de março de 2017

Infamiliares Perdidos

Não sei o que me aconteceu.
Não sei se quando
Os que amava
Me morreram
E com eles foi vida
Ou intenção desmedida
De viver todos os
Segundos
Com a paixão
Que hoje alongo
Por cada dia.
Penso que amo
(Ou lá o que isso é!)
Na extensão desse tempo.
Mas não amo
Tanto alguém
(Que não me seja familiar)
Nem vejo como esse ser
Possa vir a ser familiar.
(Corrijo!)
"Esses seres."
Desembaracei-me de sonhos
Antigos.
Desiludi esse amor
Vezes sem fim.
E ele a mim ensinou-me
A afastar-me dele próprio
Como de pessoas infamiliares.
E eu, aventureiro
E tolo,
Desobedeço.
Escarneço o amor
E esse abutre
Que é o destino
E sou quem mordo
Antes da morte.
Não na pele
Ou na carne.
Na alma desses outros.
Não há suco...
Há socos.
"Andam todos loucos
E eu sou o mais
Insano!"
Afasto-me aos poucos
E talvez seja eu
Advogado do profano.
(Bem, queria eu ser
Mas não tenho para isso
Alma - ou falta dela, penso!)
Perdi-me!
Perdi-me de amores
E não sei onde os deixei.
Perdi-me do amor
Porque o deixei.
Sim esse que aprendi
Quando era miúdo.
Este de adulto aceita
O que vier
E o de tonto
O que quiser.
Meio miúdo meio louco.
Mas tem de voltar
Pelo menos a ser familiar.
Mas anda tudo
Noutro lugar
E os meus segundos
Tornaram-se preciosos,
Senão perniciosos,
Alongados no tempo
Sem alma que se aviste
Eterna.
Loucos são os que amam
O Nada,
Lá estará uma Alma
Com tudo.
Morrerei devagar.
Alongado na calma.
Amando Nada.

VAz Dias

#palavradejorge

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