domingo, 2 de dezembro de 2018

Insípida

Vem um mal da alma
e um sabor a nada.
Bebo como se tudo
fosse água.
Como se nada
valesse a preocupação.
(Afinal vamos morrer).
Mas viver se calhar
é para sentir e sofrer.
Fazer bem e
sermos tomados como
água,
insípidos e vastos.
Fazermos mal
e sermos lembrados
de ressaca.
É da parca presença
espiritual
de se ter tomado tudo
e isso ser reprovável
ou como ensinamento
de perdão.

"Perdão? Não cortaste
tu a linha de comunicação?"

E o mal dos outros
é aceitável.
Como água que vai
e na estória do karma
voltará.
Mas o quê?

"Querer-te mal pelo
bem que não me fizeste.
Pelo vendaval que
engolirás em chuva
que aí vem?"

Não existe justiça divina
nem a humana
vem a tempo
ou tu da minha.

Que falta de estima.
Que falta de gosto
a minha.

Dores de alma
como quem bebe água
é um fim a que
ela se destina.

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