fui dar uma volta
em mim.
dizia-se ser
uma época especial
e fui ver como
era esse lugar
luminoso.
já não sei o que é
essa luz.
esse imenso sabor
que a luz traz aos demais.
havera um tempo em que
encantado
e infantil
apreciava essas sensações.
mas perdi isso
ou talvez tenha
me resguardado da plasticidade
do artifício
que vem do mundo
para pintar-nos
uma ideia de felicidade.
virei para dentro
e até na penumbra
podemos encontrar conforto.
fazer das penas
descanso
e recobro.
mudei.
deixei para as crianças
essa luz
e dando-lhes um pouco
de luz natural.
deixei a criança de mim
brincando com elas
e presente
ser o da esperança,
deles num futuro
real.
fui dar uma volta
em mim
e lá encontrei as urnas
onde enterrámos
as luzes que desligaram.
ou fugiram para o céu,
para lhes inventarmos
brilho nas estrelas
e não desligarmos
logo também.
desliguei do artifício.
da correria
e de cortar árvores
e de inventar as de plástico.
desliguei a luz
para ver pela que existe.
seja mais feliz
ou triste.
vi pela noite
e dos dias solitários.
onde nos encontramos
e perdemos.
onde o amor só vale
se se não se vir...
mais do que lhe
prender entre mãos
com luzinhas intermitentes
criando sensação.
fui afastar-me de tudo
para ver as luzes
ao longe e vê-los
contentes.
descrentes quanto
presentes desta minha
inibição.
projectei para bem
fundo o que poderia
ser desilusão.
mas não!
escolhi ser assim
porque desliguei
[intermitentemente]
quando se ligaram
as luzes do artifício,
do alheamento,
das compras
e da televisão.
quando essas luzes
enfim,
também se desligaram
de mim.
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