terça-feira, 3 de setembro de 2019

Talvez de Novo

pedaços de papel
espalhados pelos
bolsos de tanta gente.
como se fossem
notas de vinte escudos
a que quase ninguém
daria valor agora.
o que eram esses vinte
paus em miúdo?
um sorvete.
uma delícia que se
deixa mas sem o valor
do próprio bolso.
essa imagem que foge
e termos um valor
ultrapassado.
venha uma moda
para alguém ser relembrado.
mas que não venha!
sejamos um sorvete
de frio soviético
que também já não se
lembram.
voltemos a ser
o que todos se esquecem.
se deste valor ao sorvete
se leste as notícias naquele
tempo.
se foste platónica
como a timidez que me fez
ler.
e ler para escrever.
e ver valor no que já ninguém
vê.
sejamos um tempo
qualquer
em que fomos juntos
num qualquer pedaço de papel
que te mandei
para namorares comigo.
sim.
não.
talvez.
Talvez.
Talvez de novo.

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