sábado, 16 de novembro de 2019

siderais

vejo-te esse profundo
negro que atravessa
o intemporal.
através do olho menina
que balança
na corrente calma
azeite de ouro
que os deuses
deixaram na terra.
cada qual uma estrela.
cada qual deixando
retratos de beleza ínfima.
e deslizo
ininterrupto
pelo teu seio infinito.
mãe natureza
que deu no negativo
beleza dos confins
deste universo.
lá nesse além
que parece não existir
estou eu
do outro lado dos olhos
verdes castanhos terra.
poeta das estrelas
das tuas telas
onde te pintei as costas.
eram asas de anjo.
franja sideral da respiração
levitante
fui e voltei num instante.
voltei e fui ao teu
seio avante.
descobri o beijo.
um ensaio de viajar
no tempo
desde o futuro
ao sempre
sabendo que nunca estive.
o tempo deixou de dançar
com o lugar
e eu só sou vento
que parado,
estagnado
aprende de novo
a beijar.
o peito. o seio. as costas.
as asas de voar
e ficar de novo
pela primeira vez
desde sempre
no teu lugar.

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