sábado, 28 de dezembro de 2019

houve uma altura que precisei da noite.
depois separámo-nos,
precisei de mim.
houve uma altura que a noite precisou de mim
e eu voltei mesmo sabendo não precisar dela.
um dia enfim, deixaremos de precisar definitivamente um do outro,
porque assim nos deixaremos
sem mágoas nem ressentimentos.
um dia voltarei a ser só meu
e ela dela,
e cada um bem,
caíndo no devido lugar.
um destes envelheci
e a noite não
e com isso amá-la-ei
à distância com as luzes
que lhe deixei,
os beijos que lhe soprei
e o corpo que
nela não descai.
eu estarei com rugas
e expressão feliz.
serei mais que beijos,
terei sido elevado
à condição de sopro,
além da noite,
da velhice
e dum amor que foi
mais do que eu.
fecharei os olhos rugosos
sorrindo sem saudades
porque sei
que essa minha noite
será serena.

#poesia #poesiaportuguesa #arte #art #amart #poetry #portuguesepoetry #palavradejorge

https://www.instagram.com/p/B6YsLt1HRp_/?igshid=1f3jx3wyothf1

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Palavra de hoje: Crença

tenho um dicionário
de bolso.
um que decifra palavras
para ti
e relutante
assoma dos teus silêncios.
entre os erros
e as inconstâncias
do ser
- dos seres -
e de sermos
ou inexistirmos um
com o outro,
relevo e espero
o teu.
esse teu tanto
de palavras certas
no acervo do teu erro
e as erradas no meu erro.
os teus silêncios
da mais cristalina
água de beber camarão
que te sejam
fina flor
de crescer no meio
do silvado
e a presunção
de eu ser
urtigas na palma
da mão.
um travo a cor
e a inquietudes
feitas de cor
com o descolorido
dos teus dias
e dos cinzentos
do passado.
esse é o meu erro
que lavro por não
se poder tocar na virtude
do silêncio do teu
dicionário.
largo tudo de borla
se insistes
em ser flor de marcar
página
(sempre a mesma página!)
e vou inventar palavras
novas.
ninguém precisa de ser
a mais se não for para
acrescentar.
é um dicionário
que fala para os dois lados
mesmo em surdina.
imagine-se.
mas tudo cai por terra
quando se espera
do interlocutor
a soma
com a média da postura.
atitudes que descobrem
a palavra certa.
sinónimos da empatia
e menos da desconfiança.
perdoe-se-me a extravagância
mas até no silêncio
se traduz bem com bem
e outros
com outrém.
faça-se o que convém
mas venhamos por bem.
é o que tento
com o dicionário de bolso.
para que tenha
sempre o silêncio
e a palavra à mão
para entender
e dar a conhecer.

Palavra de hoje.
Crença.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

COSMONAUTA CATATÓNICO

catatónico.
cosmonauta
perdido no teu
espaço.
na orla de um paralelo
tempo.
assento o meu conhecimento
no teu convite.
em "repeat"
à exaustão.
convenço-me
que é eufemismo.
dramatismo a cada
lua no errado signo.
perdido no teu
espaço.
sobrevoo canções
interestelares
para me levares
até onde eu deva estar.
estou onde
não estou e onde devia.
passa-se mais
um dia como anos-luz
e tudo o que supus
suponho
ter falhado.
cosmonauta
catatónico
sem falta nem
presença.
morri à nascença
para te ser universo
mas no verso
vem escrito que és paralela
e em infinitos
repetidos
comigo lá no meio.
como sabes tanta
da minha ignorância
para lhe dares
caminho e distância?
largura e longitude
dum espaço
onde amiúde
se descobre próximo
entre nós?
mas eu sei
que há lá big bangs
gang bangs
jet lags
e toda uma linguagem
que eu prefiro
não esconder.
sou poeira cósmica
até da vista se perder
por esse negritude
ser mais corpo
com tudo o que ainda
tens nestes anos-luz
que imagino
descorrer.
a generosidade
traz-me vida e velocidade
para aprender.
cosmonauta
catatónico
polifónico
na penumbra
do ser.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Na Alma da Mão

nada é teu
nada te pertence
e a vida é efémera
como a areia
que se precipita
pelas mãos
pelos dedos
ou pelo deserto
em que te fizeste
caminho.
não se permanece
sozinho
quando a vida é
tomada com goles
lentos e sedentos
de amor. esse amor
que fica gravado para
sempre e te liberta
para sempre.

ama como o vento
que desenha
com tempo a arena
a céu aberto
desse caminho descoberto
e desconhecido.
as mãos trémulas
passam a ser guardiãs
do coração dos
outros até voltarem
a ter peito e pulmão
para socorrerem a
quem outros lhes falta
a mão
o abraço
o traço da terra
que começa o céu
e onde o fim
é esse começo.

não nosso
mas do senhor
da natureza
do acaso.
faço das palavras
alheias
as que escritas
nas goteiras
nas trincheiras
ou no sopro do ar
roto nas persianas
nos fazem pequenos
do tamanho da efemeridade
humana.
para sempre
nas palmas das mãos
onde um dia o
coração se albergou
para seguir viagem.

terra de ficar mais
do que o plano
do que um qualquer ano
ou qualquer outra
medida que cativa
a mais sentida permanência.
mais tremor no coração
e memorizado mapa
de voltar
das andorinhas
e do instinto.
sinto muito
tudo o que não cabe
nas mãos
no peito
e nos planos
que guardavam
outros
planos para mangas
leite de côco
e plantas medicinais
de outras
segundas núpcias
ou terceiras idades.

obrigado é agradecimento
de voltar
e respeito de cantar
com o sorriso
a cada reencontro.
parti
voltarei
para te lembrar como
é bom recordar
em cada
partida a permanência
nessa linha da vida
que levanta destinos
na palma da mão.
na calma do coração.
na alma da convicção.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

ELECTRO TOQUE

sou sempre eu
que fico, mesmo
estando longe.
longe do toque.
do amor de electro-
choque.
longe de fazer
uma vida.
cada um faz
uma vida
e eu faço tantas
mesmo parecendo
pouco,
parte de um todo
ou só.
acordei louco
a meio de um sonho
dentro doutro.
nesse outro
eras tu louca
por me encontrares.
acordei desse sonho
e estavas tu lá
beijando-me como
da última vez.
e eu fiquei feliz.
e acordei desse
sonho interno
para o externo
e aqui não estavas
nem no teu peito...
no teu externo.
e nunca estarás.
e nunca estiveste
como as nativas.
as negativas
das minha mais positivas
demandas.
natividade.
actividade de escolhermos
rumos
que ficam aquém
dos nossos sonhos.
caíste-me de sonho
em sonho adentro
e custar-me-á
deslindar mais esta
nativa
que dentro de mim
fica cativa
até cá fora
na rua dos meus
sentidos
sentimentos
seguires na vida
que era já tua.
e eu de novo
sigo numa outra avenida
esperando
tudo que não
seja de tua influência.
da tua ingerência
nos meus sonhos
de sonhos.

domingo, 22 de dezembro de 2019

Noite Serena

houve uma altura que precisei da noite.
depois separámo-nos,
precisei de mim.
houve uma altura que a noite precisou de mim
e eu voltei mesmo sabendo não precisar dela.
um dia enfim, deixaremos de precisar definitivamente um do outro,
porque assim nos deixaremos
sem mágoas nem ressentimentos.
um dia voltarei a ser só meu
e ela dela,
e cada um bem,
caíndo no devido lugar.
um destes envelheci
e a noite não
e com isso amá-la-ei
à distância com as luzes
que lhe deixei,
os beijos que lhe soprei
e o corpo que
nela não descai.
eu estarei com rugas
e expressão feliz.
serei mais que beijos,
terei sido elevado
à condição de sopro,
além da noite,
da velhice
e dum amor que foi
mais do que eu.
fecharei os olhos rugosos
sorrindo sem saudades
porque sei
que essa minha noite
será serena.

eu não me importo de não te conhecer segredos e intimidades. acho que merecemos as nossas coisas e quem nos leva por diante. somos tudo e até as nossas fraquezas. algumas expomos outras recolhemos e nas forças podemos fazer o mesmo. não me importo de não te conhecer na totalidade se o que conheço é real. isso basta-me de ti.

#poesia #poetry #poesiaportuguesa #portuguesepoetry #prosapoética #arte #art #amart #nataltodososdias

https://www.instagram.com/p/B6WU-qlHY6x/?igshid=1eo6q0yu47ehl

havia ainda tanto
por descobrir.
eu sei que tinhas
tudo para mostrar
e eu prostrado perante
a minha inócua
presença neste mundo,
protelei.
sou um proletário
e tu um rei
na barriga duma
mulher.
eu não sou esse
que tu te dizes
mas sou tudo o resto
que dispensaste.
na nossa despensa
fica a despesa
por conta da casa.
volta se não tiveres
mais nada.
sou bom com os "tudos"
dos "nadas" dos outros.
penso que é poesia
(pelo menos assim acredito
ser)
carne
com alma descarnada.
apelo ao teu sentido
de não permaneceres
sentida contigo própria.
não é culpa de ninguém.
é o que podemos dar
se é que existe
algo para a troca.
não preciso.
isso não se cobra.
agora cobre-me
e abraça-me este sonho
que foi de ti esta
noite toda.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Noite Toda

havia ainda tanto
por descobrir.
eu sei que tinhas
tudo para mostrar
e eu prostrado perante
a minha inócua
presença neste mundo,
protelei.
sou um proletário
e tu um rei
na barriga duma
mulher.
eu não sou esse
que tu te dizes
mas sou tudo o resto
que dispensaste.
na nossa despensa
fica a despesa
por conta da casa.
volta se não tiveres
mais nada.
sou bom com os "tudos"
dos "nadas" dos outros.
penso que é poesia
(pelo menos assim acredito
ser)
carne
com alma descarnada.
apelo ao teu sentido
de não permaneceres
sentida contigo própria.
não é culpa de ninguém.
é o que podemos dar
se é que existe
algo para a troca.
não preciso.
isso não se cobra.
agora cobre-me
e abraça-me este sonho
que foi de ti esta
noite toda.

domingo, 15 de dezembro de 2019

encarnado contente

sentei-me
vislumbrando um
Pedro louco.
um homem tão
certo
como as minhas
certezas inócuas.
tão desacertado
do amor
até por ele
ser enganado.
traído
vilipendiado.
esse é o Pedro.
chamo-me pelo
nome de acerto
com acervo
e conhecimento
do desconhecimento.
assim,
também com edição
às três pancadas.
com escrita
desembrenhada
e espontânea
às recentes badaladas.
são menos badaladas
do que a publicidade
engrena.
mas não engana
e fica assim
por quem contra ela
se estampa.
um belo acidente
sem conhecimento
do real perigo.
a mulher de outro
dissidente.
perigo constante
comigo ao volante.
no mar acaba sempre
um ponto de interrogação
sobre o que lá vai
distante
mesmo que seja
dentro de mim,
neste inconstante
prelúdio de acidente.
e que bela forma
de morrer,
se não duma maneira
rápida de bem,
de maneira penosa
mas com
um fim também.
com vermelho
mais espampanante
do que realmente
o sangue contém.
encarnado contente.

sábado, 14 de dezembro de 2019

nunca farei a guerra
dos sexos.
jamais entrarei
no reino do xadrez.
e da perda
e do ganho sou
o que menos despojos
tenho.
mas sei tudo
o que tens.
sei mais do que
muitos
e todos juntos.
e antes que chegue
alguém te digo.
não luto
nem faço a guerrinha.
sou do amor
e da terrinha do
peito,
onde cabe o corpo
o coração
e o espelho.
olha-te em mim
e verás muito mais
do que futuro.
ver-te-ás na mulher
que desejas.
ver-me-ás no homem
que desejas.
mesmo que não seja eu.
mas estou aqui até tu
nunca verdadeiramente
mais me quiseres.
eu saberei.
mesmo que seja eu
já cosmos
ou pó dos céus.
"os meus olhos teus."
os meus olhos teus.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

e pé de dança
de quem não dança
mas que a vista alcança
a beleza interior.
dois dedos de conversa
e a pressa de chegar
com atraso na partida.
bom partido
é um beijo remetido
para o encontro
anterior.
posteriormente
dançou o cosmos
com a gente
e eu inocente
deixei-me com o ingénuo.
fiz-me clarividente
e antes que o seguro
morresse de velho
guardei-o num presente.
um que o cosmos
anuisse
e regressasse do futuro.
esse da saudade
e do apuro
da inverdade de sermos
um.
graças a ele que não
por tanto
que nos diferencia
como
com o que
nos compactua.
ja viste esta noite
a lua?

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

toma este sopro
que parece
um polegar sobre
outro.
uma palma de mão
que cuida a planta.
a do pé mas como
jardineiro
que trata do jardim.
a planta da massagem
virtual.
onde o mundo encontra
o ser.
devíamos caminhar mais
descalços.
abraço um pouco mais
os espaços
que sobram na distância.
aperto-os para perto.
uma massagem de pés
virtual.
umas mãos que rogam
ao céu a energia
do bom.
que regam as plantas
com o dom
de as ver crescer.
e a planta do pé
que namorou o chão
descalço.
como um abraço
que vai daqui
até aí.
abraço-te a planta
que tem raíz nesse chão
e desse azul
que também em ti
é céu claro.
céu de sol.
planta de chão
de pé seguro.
pé descalço
é pé de descanso.
ao pé do descanço.

PRESO-ARBÍTRIO

pulmão de acordeão... velho
semi-roto mas abafado.
a música é um momento
desalinhado e o amor
não vive ali.
já não há folclore
da infância.
já não há beijo atrás
da igreja.
deus também não foi
à festa
nem veio tocar ao absurdo.
deixou-nos escolher.
"preso-arbítrio"
de soltar cacofonia
desmazelada na rua
deslavada.

deus não asfalta nada
nem o homem sabe
para onde vai.
e eu sigo no mesmo
caminho
com o pulmão
encarcerado como
acordeão sem ar.
dissonância
de num homem viver
criança ingénua
na terra dos crescidos.
desterrado
e para lá de nós
ser um tom errado.

caminho lado a lado
com a ideia do futuro
e eu ligeiramente
atrasado.
um dia tocarei no teu
casamento.
talvez ao teu lado
talvez ausente.
depende se deus
veio pavimentar
o chão onde o meu
pulmão se sentiu
incoerente
e tocou tantas vezes
quantas as vezes
te silenciaste.

era eu do outro lado da
porta
tendo saudades do futuro.
acordei assim
no peito
com um susto
querendo dar-te tudo.
nem que fosse caminho
para onde o homem
não sabe deslocar-se.
e o peito
pesado
é um acordeão arfando
de desejo. toca o desejo
de madrugada.

ter saudade do futuro.
olhar em frente
saíndo desse fúnebre
tempo que ali ficou...
definhando.
deixei lá o saudosismo,
esse de matar o coração
aos sobreviventes.
quero viver e ter
saudades.
mas é do que ainda não
foi.
do que ainda não sou
e do que ainda não fomos.
beijei-te para sempre
e nunca saberemos
ao que saberá nos próximos
verões.
terei saudades dos verões
adiante
ainda que me aproximem
da morte.
mas prefiro morrer de vida
do que de saudade do que
vivi.

domingo, 8 de dezembro de 2019



https://www.instagram.com/p/B5zSou1HcXS/?igshid=vbkc305sc51f

o poder da cura
de quem com mãos
treme a calma que dura.
serena segues no tempo
e tua.
tão tua e de quem te entregas nua.
de alma à pele que deslumbra
na penumbra da luz
que contigo se deita.
a paz dos teus olhos
como a audácia
deles sorrindo.
são os mesmos
quando atravessas
as vidas todas
colhendo
mais alma do que
alma já infinita.
e eu só te quero a pele
para não te perder
na alma.
assim vivemos mais
até que ele não mais
trema.
não mais queira
a sua própria pele
e vida.
só o sorriso sereno
desses olhos
e da morte desprovida.
és muito mais
do que sempre
e do que saudade.
és tua e não te quero
só para mim.
esse sorriso traz
tudo e tudo trará
aos olhos que nada
viram.
és cidade
nas ruas que gemem
solidão.
és tarde que antecipa
as noites da solidão.
és manhã
de toda a antecipação.
deixei torradas
na próxima vida
ao pequeno almoço
para ti.
sei que sorrirás.

#poesia #poesiaportuguesa #portuguesepoetry #poetry #arte #art #amart #palavradejorge

https://www.instagram.com/p/B5zSou1HcXS/?igshid=vbkc305sc51f

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

perdi vontade de ser
o estóico.
vou-me perdendo
para o velho
que me quer a juventude.
o adulto em mim
nunca existiu nem podia.

podem ficar aborrecidos
com esse quando emigrar
para a minha velhice.

nunca soube
a medida certa na boca
dos outros
(qualidade dos adultos,
foi-me dito).

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

siderais IV

quero entrar nesse corpo
e deixar-te com lembranças.
memórias novas
que deixo para lá das luzes
dessa magia de todos.
eu sou de lá
- para lá da hora
em que se desliga a corrente-.
sou a magia do dia-
a-
dia e mais presente
do que a luz que se liga
sem se estar efectivamente
presente.
por isso quando estiver
em ti
tu estarás em mim
com o teu semblante
de quem ama as luzes.
e eu serei a luz
quando as luzinhas
da magia de toda a gente
se apagarem.
terás a magia das noites
de dezembro.
a luz do dia de todos
os dias e de todo o tempo.
e as luzes que se apagam
aí dentro onde eu volto
para a ligar.
onde o tempo
de dia desligadas
ligamos com a luz
da janela a entrar.
a luz que verás nos meus
olhos quando em mim
entrares.
fica com o meu corpo
e um amor diferente.
de dois mais dois
onde tu és duas.
as luzes, das luas
das tardes das
peles nuas
e das noites nas ruas.
ofereço-tas...
são todas tuas!

#poesia #poesiaportuguesa #arte #art #amart #portuguesepoetry #poetry

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Puzzle

bem sabes
que nunca ficaremos
para sempre.
a culpa é dos nossos
corpos.
(de todos os corpos)
a moeda de troca
para o teu amor
como a poucos
e o meu interesse em
ser culto.
e o sexo será oportuno
sempre... porque estaremos
nas translacções.
nas tesões de cada um
como que indo
e vindo.
rir é preliminar
e vir é regresso
das constelações
onde meteste uma pastilha.
o que tu queres no meu
corpo
quero eu da tua mente.
esse amor latente
que nunca será mais
do que o menos etéreo.
mas não seremos eternos
senão em tudo o
que aprendo contigo
e tudo o que sentes
comigo.
toma-me como químico
e faz-nos ir
e vir.
até que não devamos nada
um ao outro.
até que a moeda de troca
passe a ser ouro
que vemos um
no outro.
sou amante de todos
os universos paralelos.
por isso nem sempre
me verás.
estarei com eles.
com elas.
com corpos.
convicto que não terei
deles o que tenho
de ti.
terei bocados.
peças de puzzle
e o busílis.
serei partes
como sou desapego.
ser-te-ei extremos
distante e terno.
ser-te-ei e deixar-te-ei
ser.
quero viver tanto
no teu sexo como
no teu nexo.
enquanto for certo.
enquanto for sempre.

Sonho Sonhinho

Vai um poema
poeminha do sonho.
Do sonho
sonhado contigo.
De quem ama
e vai sonhando amar.
Vai amor em forma
de poema
se um dia te faltarem
as palavras
para reconheres
o amor nos olhos
doutro sem palavras.
Vai um sonho
sonhinho
para te despertar
para sonhos
de um dia
poderes cantar.
Quem disse que
é preciso uma voz
bonita para voltar
amar?