sábado, 28 de dezembro de 2019

Palavra de hoje: Crença

tenho um dicionário
de bolso.
um que decifra palavras
para ti
e relutante
assoma dos teus silêncios.
entre os erros
e as inconstâncias
do ser
- dos seres -
e de sermos
ou inexistirmos um
com o outro,
relevo e espero
o teu.
esse teu tanto
de palavras certas
no acervo do teu erro
e as erradas no meu erro.
os teus silêncios
da mais cristalina
água de beber camarão
que te sejam
fina flor
de crescer no meio
do silvado
e a presunção
de eu ser
urtigas na palma
da mão.
um travo a cor
e a inquietudes
feitas de cor
com o descolorido
dos teus dias
e dos cinzentos
do passado.
esse é o meu erro
que lavro por não
se poder tocar na virtude
do silêncio do teu
dicionário.
largo tudo de borla
se insistes
em ser flor de marcar
página
(sempre a mesma página!)
e vou inventar palavras
novas.
ninguém precisa de ser
a mais se não for para
acrescentar.
é um dicionário
que fala para os dois lados
mesmo em surdina.
imagine-se.
mas tudo cai por terra
quando se espera
do interlocutor
a soma
com a média da postura.
atitudes que descobrem
a palavra certa.
sinónimos da empatia
e menos da desconfiança.
perdoe-se-me a extravagância
mas até no silêncio
se traduz bem com bem
e outros
com outrém.
faça-se o que convém
mas venhamos por bem.
é o que tento
com o dicionário de bolso.
para que tenha
sempre o silêncio
e a palavra à mão
para entender
e dar a conhecer.

Palavra de hoje.
Crença.

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