quarta-feira, 19 de abril de 2017

A Terceira

E se o mundo acabasse
Entretanto?
Este onde os homens
São seus e de ninguém
E se fazem desaparecer
Uns dos outros?
E se nós não tivessemos
Tido tempo para amar,
Para termos tentantado
A vida juntos,
Teremos morrido sós?
Morreremos sós é um facto
Mas morremos antes vivendo
Sem nos termos
Amado.
Que morte!
Que desastre!
Que mundo acabado!
Vem aí uma guerra
E em que lado estaremos?
Em que amor acreditaremos?
Vou morrer amando,
Porque não tenho medo
Do fim.
Tenho receio
Isso sim
Por acabares só.
Por desapareceres
Antes de nós.
Venho em paz.
Vem que o tempo definha,
Não volta para trás...
Vem para a vida
Desta que cada vez mais
Se mostra atroz.
Para a morte.
Para essa maldita sorte.
Ela anda a farejar-nos
A pequenez.
O ego distraído
Do que junta todos nós.
Andámos distraídos,
Rendidos à importância
Desmedida da nossa irrelevância.
Preguiça.
Inconstância.
Vem aí os dias do fim
Do que fomos.
Seremos novos
E eu vivo para acreditares.
Porque já morri.
Renasci do outro lado do medo.
Não tenhas medo,
Nem pena
Pelo desmazelo
Com que todos nos tratámos.
Somos pequenos
Senhores do nada
Proprietários do tempo
Futuro acabado.
O amor é tudo
O que não se vê
Quando se perdeu tudo
De o que se não crê.

Estarei do outro lado do medo meu amor.

VAz Dias

#palavradejorge

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