Sinto as palavras
A repetirem-se.
Sinto que elas
Findaram um propósito.
Escrevo estas, quase
Por um qualquer óbito
E em que elas
Encontrem uma última
Morada.
Não sei se virão
Doutra forma.
Se eu aprenda outras
Novas
Ou se elas necessitam
De ser caladas.
Preciso de saber
Viver sem elas.
Um poeta só sobrevive
Da palavra porque
Nada mais tem.
E eu, como convém,
Preciso de purgar,
Com viagens diferentes
A minha existência.
Não sei se escreva cartas
Para mim,
Para não me perder da palavra,
Mas preciso
Que ela se esqueça
De mim por uns tempos.
Da maldição que por vezes
Em mim
Se faz abater.
Preciso de viver
Para alimentar outras ou estas.
Preciso de saber
De outros poetas
E outras pessoas.
Outras palavras.
Preciso de guardar estas.
Ou que as guardem por mim.
Ou que as enviem
Para o mundo,
Talvez assim,
Se as encontrar por aí
As veja diferentes.
As veja novas.
As veja.
VAz Dias
#palavradejorge
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