segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ponte mais de Meia

Sabes mulher,
Já não me intimido
Com todo esse teu
Mundo de silêncios
E de incapacidades.
Não fomos nós
Que construímos pontes
Entre as nossas
Distantes cidades.
Tentei que fosse
Daqui em betão armado
Mas ficou para lá
Meio mais de caminho
Que ficou
No amanhã pendurado.
Vai a água passando
A caminho
Do seu natural fado.
Canto perdido
Pela foz e um mar
De saudade.
Uma ponte perdida
Amando o mar.
Que triste sina...
É verdade!
Mas há outras pontes.
Mulher há tantas outras
E não penses que não sei
Que te queiras lançar.
Construir-te até mim
Aqui meio dependurado.
Passa a água
Em branda velocidade.
Vou-me banhando.
Não te tenho assim
Tanto em falta.
És tu que não vês
Como se alenta
A ponte de uma grande cidade.
Banhada pelos anos
Dos ciclos.
Da grandeza
Das pequenas pontes altas.
Onde foste mulher
Perder a coragem
De me conciliares?
Porque te arrependes de ter
Querido?
Porventura serás mar perdido
Em rio que pouco
Desagua.
E eu canto
Contigo
Em mim nua.
De verdade dura
De não cá vires
Constriur pontes
Ou ser rio que em mim
Desagua.
Nem pontes,
Nem mar,
Nem a puta da vida
Que nos queira.
Escrever-te foi uma asneira.
Mas beijares-me
Foi a ponte
Que tu
Lançaste para a minha beira.
Agora és silêncio
Que para outra cidade
Se esgueira.
Vai.
E quando voltares
A resiliência é minha
Para te mostrar
Que nem leito,
Nem rio afoito
No seu caudal
Me desalentam
Do que é construir
Ou me deixar banhar.
Sou rio,
Ponte de cidade
Apontado para o mar.
Desagua.
Vai.
Espande-te.
Não tenho que te amar.
Bebo-te o sal
E cuspo-o para longe.
Não tenho de te amar.
Não tenho mesmo.

Não tenho...
De te am...
Mar.

VAz Dias

#palavradejorge

Sem comentários:

Enviar um comentário