A porta daquele banheiro
Que quase se fecha.
A tua mão
O movimento refreia.
Incrivelmente
No meio de tanta gente
Não há gente
Naquele intermédio momento.
O olhar que lançaste parou
O tempo.
Foi há algum tempo
E no entanto
O movimento
Permanece em câmera
Lenta.
O teu olhar ainda é verde
De blusa esverdeada.
A tua mão era no meu pescoço
Crivada
Sem sequer me tocar...nada!
A mesma que a porta segurava.
O olhar tão perto.
A mão tão convidativa.
O corpo que se interpunha
Entre o pecado
E o tempo que na memória
Se escondia.
O nosso momento mais
Lúbrico.
Mesmo mais do que
A vez que me atiraste
Para ti.
Aurora e rua quente.
E tu entre mim
E a entreaberta porta.
Tudo reporta aos tempos
Em que esse corpo
Em nós se transforma.
Verde é o olhar
Que nos meus sentidos
Desponta.
A memória volta.
E eu não entrei em ti
Nem através daquela porta.
Garanti o tempo
E a impossibilidade.
Escrevo para morrer
Esse momento
Tarde.
Pela memória
E o nosso desejo
Que ainda
E lentamente...
Ahhhhh...
Arde.
Foi o teu olhar
Mão que ainda no meu corpo
Agarre.
Me puxe e me trave
De contradição.
Sussuro o teu nome
Para dentro.
Fica no teu ventre
E um vento de verão
Que passou por entre uma porta
E o tempo
Do passado em frente.
Ardo!
Ahhhrdo
De ti pecado ardente.
Verde foi o olhar
Que fez de mim
Demente.
Agarrado a um filme
De ti em câmera lenta.
Tão lento.
Arde a película
Permanentemente
No meu ser.
Nos meus sentidos.
Naquele amanhecer.
Arde.
Ahhhhrde.
Ardentemente o nosso
Prazer.
VAz Dias
#palavradejorge
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