segunda-feira, 31 de julho de 2017

Aceitação

O amor também é sorte que se procura. Se merecemos a seu tempo ele virá.
Antes desse amor alimentamo-nos de outros. Aprendemos com esses.
É sorte mas pelo bem que a nós próprios fizemos antes (por nos querermos bem a esse ponto).
E podemos sempre perder um amor. Dramático. Triste. Imerecido. Mas há uma razão. Há perdido no universo uma explicação para à nossa natureza se fazer presente. Mas também somos responsáveis do amor que se nos oferece. Aceitamo-lo como saberemos aceitar os nossos próprios erros e infortúnios. Saberemos conviver com o hálito matinal bem como a diferença que a nós tanto nos apoquenta. Somos água do rio que torneia a rocha lavada de séculos mas também a árvore que inverno após inverno sofre os abanões próprios da estação. Mais do que menos receberemos a dádiva para que o universo se prepara para nos presentear. Ele é abundante e nós temos de aprender a saber recebê-lo. Como as meias que a minha mãe me dava e que me eram mais úteis do que os mimos que exigia. Hoje em dia quando compro um par de meias sinto mais o conforto dessa prenda antiga porque também já a não tenho perto de mim. Perdemos mas se estimarmos os nossos temos sempre o coração seguro. Um ganho.
Aceitação.

Luz de Cego

Quantas vezes nos
Assoberbamos
Achando na nossa felicidade
O resultado
Da "nossa" justiça?
Envergando a lata
Que nos assista
Para agirmos da forma
Mais impulsiva?
Há decadência própria
Da vida lá fora.
Há decência que esmorece
A cada hora.
Somos humanos
E esquecidos de moralidade.
Andamos tristes
Tentando acertar
Na felicidade
E depois quando descoberta
Não se a sabe
Salvaguardar.
Tornámo-nos tão pequenos
Para a achar tão grande
Ou demasido inchados
Para tê-la em saco roto.
Diz o cego para o morto.

Vejo cegos agarrados
Ao tempo de ver
Mantendo fé
Sem que isso traga luz.
Mas mantêm-se de pé
E à pouca esperança
Que isso produz.
Mas são felizes
De não ver tamanhos.
Vão andando,
Com os que humildemente,
Os acompanham.

Abrir mão da soberba
Como um cego se viu ser
Sábio.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Rastilho

Nem sinal
Senão o rasto
De que estivesse
Estado presente.
Sombras
Que se escapam
À frente.
Delírio
Do vento
Que se faz passar
Por gente.
Pungente é o sabor
A realidade.
Mais tarde virá.
E nunca senão
Quando chega.
Quando escolhe chegar.
Arde a boca
E o olhar.
Passou para os sentidos
Picar.
Segue-se um rasto
De perder tempo.
Inqualificável!
Mas já não era de
Admirar.

Lá em cima bate
No chão o calcanhar.
Insónia
De se intrometer.
Escreve a mão
E fica para trás o olhar.

06h14...
Menina do olho
A se avolumar.
Quarto
Para se desarrumar.
1 minuto
E um quarto
Para se acalmar...

Passou e ficou um rasto.
De resto
O mesmo de sempre.
Rastilho.

VAz Dias

#palavradejorge

Ardem os dias curvando

Vou a cem à hora
Ou mais.
Sou asfalto corrido
E derrapado.
Rock e destravado.
O tempo morre mais rápido
Do que à velocidade
A que me dou à liberdade.
Arde pneu queimado.
Não estava bem parado.
Tranquilidade
É para os dias em que a paisagem
Mande.
E por mais que comande
A vontade
Muitas
São as vezes em que
Ela não quer que abrande.
É só de vez em quando
Tirando sempre
Neste fogo
Que apenas por vezes
Atinja lume brando.
Ardem os dias
Curvando.
Derrapa a lei
Da serenidade.
Vou derrapando.
Livre ando!

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Esteios

Esteio foi
O que se elevou
Primeiro
E contrário às paixões
E à mesquinhez
Alto se firmou
No firmamento.
Fitou
Os recorrentes acontecimentos.
Educou-se
E viu tudo
Como num parque infantil.
Pessoas que derimiam
Palavras acicatadas
E interesses próprios
Pareciam crianças
Buscando aprender,
Brincando sem nada
Perceberem
O que os outros pudessem
Querer de si.
O esteio olhava
Cada vez mais
Silencioso
Deixando a birra
Ser soprada p'lo vento
E o tempo deixar
Os infantes crescer.
Nunca há é tempo
Quando adultos
À infantilidade tendem
Decrescer.

O esteio não era humano.
Mas olhava
Com olhos de ver
E parado
Via adultos
Tortos.
Acertando a verticalidade
Com os ossos
Dos outros.
Com as falhas dos outros.
Paixões de conveniência
(Ou será a paixão em si
Uma conveniência?)

O esteio não morre.
Vê o tempo que corre
Das pessoas
Que fazem atalhos
Pelo caminho
Que baralham.
Encontrões
E pisões.
Prisões a retalho
Que se cosem
Com rendas do diabo.

O esteio só
Olha no firmamento
Outro só.
Não foi a altura
Que os fez se vislumbrarem.
Foi a redução.
O abaixamento.
A colectividade
Pelo erro demasiadamente
Humano,
Demasiadamente mesquinho
Dos que se quiseram
Pequenos.

A culpa não é do esteio
Se elevar.
A culpa não é
Da gente que não se quer
Elevar.
Não há culpa.
Há sim alturas
Que os que verticais
Se mantêm
Em tanta tempestade
Revolta,
Sólidos,
De costas firmes
A pequenez
Ficar rasteira
E o olhar noutro esteio
Poder encontrar
Verticalidade familiar.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 25 de julho de 2017

Queda viva!

Saltei em queda-livre.
Sem medos.
Sem temores.

Derivei quando os penhascos
Se aproximavam
(Ou eu deles nesse
Vôo a pique)
Todo o ar
Era uma almofada de pairar
E a contemplação
A tranquilidade
De quem sabe cair.

Voar é cair.
Cairmos em nós.
Cairmos as vezes suficientes
Até saber voar.

É tudo ficção
E o sonho
Saber repousar.

Há dias em que a vida
Parece que se completa.
Drasticamente para um fim.
Toda a felicidade
Ganhou asas
Maior que a vida.
Há quem saiba
Que vai morrer feliz?

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 23 de julho de 2017

Bebo a felicidade que dos teus olhos choram

Quantas vezes
Te provocaria a distracção?
Com o semblante
Fechado
De secreto gáudio
Em te pintar
Um poema,
Quantas vezes saberias
Que a cor é tua?
Senhora da hora
E do dia
Que abre uma janela
Numa tela
Que por si se pinta?
Acaso não sabias
Que a tinta que corre
É água
Que em mim jorras?
A vida que
Em felicidade
Nos meus olhos
Choras?
Deixa-me pintar-te
Com as cores
Que dantes
Guardavas.
Desatámos pincéis
Borrámos papéis
E ficámos nós.
Sustentados
No horizonte
Duma janela
Onde chovias amor
Em mim.
Acaso sabias
Que o teu amor
É chuva na minha cama
Que entra dessa tela
Onde a cor és tu
E nós poesia?

Bebo a felicidade
Que dos teus olhos
Choram.
Distraída
Era eu que te cantava.
Era para ti
Que escrevia.

VAz Dias

#palavradejorge

Universo de Poesia

O que me interessa saber
Se nada sei de ti?
Se é o desacerto
Do espaço
Com o tempo
E a vontade
Que me traz o teu esplendor?
Reservo-me ao direito
Ao ser poeta para ti
De não preparar nada.
Ser-te próximo
Sem de mim saberes
Nada.
Mas és tu quem agora
Me fala.
Estas são as palavras
Que o universo
Em mim
De ti espalha.
Maré de estrelas
Com todos os seus planetas
E viventes
Ao micro-milésimo
Da vida.
Essa riqueza desconhecida
Que nos faz querer viajá-lo
Mesmo sem asas.
Falas-me
E sou nave de sair
De um tubo de ensaio
E viajar-te de volta
A um Big Bang.
Aquele em que o tempo
Começou.
Aquele em que o nosso
Olhar se tocou.
O teu universo
Tomou-me.
Não preciso de saber
Quem és.
És um universo inteiro
Que prevalecerá
Num paralelo
Do exequível.
De que seremos
Sempre possível.
Mesmo que não.
Mesmo que os corpos
Orbitem
E as outras forças
Assim não o queiram.
Mas o teu universo
É corpo infinito
Na minha poesia.
O teu corpo deixa
De existir quando não estás
Para seres poesia.
Estás na eternidade de um dia.
Tu és matéria,
Anti-matéria,
Destempo
E todavia,

Universo,
És Poesia!

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 22 de julho de 2017

Atestado de "Nada Ter Sido"

Passou-se um passado
Por ali.
Cara virada para outro futuro.
Não ficou sequer
Um murmúrio.
Um pequeno barulho
Que fosse no meio
Daquele ruído.
Deveria estar roído
De inveja.

Não estou!

Deveria estar doído
De tanto tempo.

Não estou!

Não estamos.
Somos bem resolvidos
Parece-nos.
E passou um passado
Sem nada ter sido.
Mas foi.
Foi o que cada um é
Hoje.
Um total desconhecido
Ao outro
No amor aos outros.
Nem ficaram amigos
Nem próximos.
Só passado desconhecido
E pronto.
Atestado de nada
Se ter passado.
Chama-se nos dias
De hoje
Bem-resolvidos.
Tudo concluído
Como se nada fosse.
Nada tivesse sido.
Mas passou-se.
E por isso
À memória te trouxe
Porque hoje te sou
Desconhecido.
Seguiu seguindo...
Como se nada fosse.
Não estivemos.

Não estou!

E nada o passado trouxe.
Seguiu seguindo
E nada de novo...
Passou-se.

VAz Dias

#palavradejorge

Deito-me na tua Calma

Esta noite dormi pouco.
-Uma vez mais!-
Não pelas mesmas razões
que me andam a deixar
roco
de tanto gritar descanso
por dentro.
Nem mesmo pelo receio
de nunca mais acordar.

Esta noite dormi pouco
Porque vi o que seria te perder.
Era eu os teus olhos
e eu era um outro estranho
que perdias.
Nem por segundos
posso alguma vez
experimentar
a tua dor
por mim causada.
Não durmo descansado
se tu não podes me amar
e eu te fazer perder.
Não durmo bem se te
estranho o meu ser.

Esta noite dormi pouco
porque te amo a mais de um sonho.
Acordo para não te perder
da realidade.
De sentir que é verdade.
Acordo para te ter aqui
mesmo que aqui seja só
o lugar de nós.

Hoje dormi pouco
porque me quero de ti
desperto.
Descoberto ao sonho
como lençol que me desnuda
a alma.
Repouso nesta cama
que cheira a ti
e ao amor
que não sonha
mas que me acorda
e me deita na tua calma.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Todo ouvidos

É na tua voz
Que me assento.
O amor que dele
Vem
Para me abraçar
O ouvido.
Para me segredar
Futuro.
Sou todo ouvidos.
A atenção de quem
Olha
E vê em diante
Esse calor.
Hoje segredaste-me
De ti
E encontrei de novo
A audição.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 18 de julho de 2017

Agora.

Se eras tu?

Sempre foi.
Sempre nos detivemos aqui.

Aqui é aquele lugar
Onde nunca chegámos
A ser.

Fomos nos perdendo
Num qualquer
Alvorecer...

Não chegámos
Porque fomos feitos.
Detivemo-nos...
Como agora.
Como devia ser.

Agora.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Insuspeita

Caixa no fundo do corredor.
Fechada à rua
E à atenção
Em seu redor.
São 05h43.
Daqui a pouco
Toca o despertador.
Mais um dia que guarda
Memórias
Para aquela caixa.
Que calor...
Lençóis que se atrapalham
Nas pernas.
Humidade que trava
O pano.
Pano de fundo para
Mais uma estória.
Toca o despertador
E adianta-se a hora.
Uns minutos
Para esse silêncio
Que chora as horas
Bem dormidas
E a realidade que choca.
Fecha-se tudo na caixa.
Lá ao fundo do corredor.
Toca a correr...
Está na hora.
O tempo começa a verter.
(Estou atrasado...
Nunca chego a tempo de mim.
Fiquei por dormir
O cansaço de mim...)
Fim.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 15 de julho de 2017

Desapega

Desapega o que
O olhar apaga.
O que o meu
Desejo aparta.
Aperta o meu corpo
Como paga
Do teu preço.
Pareço uma sombra
Do que te peço.
Careço do desapego
Do teu olhar.
De como caio
Por essa janela
No reduto último
Da tua casa.
Abraça-me o olhar.
Não largues.
Fecha os olhos.
Quarto guardado
Onde a tua voz
Se faz de prazer
Bradar.
Passa por mim
E fecha uma
E outra pálpebra.
Persiana de amor.
Janela de olhar.
Longe.
E largo.
E de mau olhado.
Vou-te amar.
Os olhos...
Vou amá-los
De tanto me olharem.
Nem que seja
Só de memória
E de redoma do meu
Encanto.
Olha!
Desapega esse olhar!

VAz Dias

#palavradejorge

Erro em diante

Erro em diante.
Errante.
Nesse caminho em
Que vou perdendo
Os minutos
Entrego-me sem destino.
Assino de olhos
Fechados o erro
E ao que de mais espontâneo
Pode um homem ser.
Venham os prémios
E os cotovelos
Na cara.
Olhos no firmamento
E ser vento
E fogo.
Sou meu
E de quem
Se desapega do chão.

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Sem Retorno

Não é de hoje

nem por ser de um amanhã

somos onde ficámos
e onde nos dirigíamos.
falácia do querer,
das paixões
e deixarmos de ser
quem ainda não sabíamos
podermos acontecer.

Acontecemos
esta e


aquela vez.
E vezes várias sem aqui e


ali
estarmos.

Desobrigámo-nos à distracção.
Monção de sentimentos
arrumados sem critério.

Desarrumaste primeiro.
Desarrumaste depois.
Foste

Porque tinhas de estar




lá.
Aprumada e Arrumada no teu lugar.


E fomos sem termos ido a lugar algum...

que interessasse para estarmos.

fomos para sermos o que tu procuravas
e eu sem te saber. sem te reter. procurando-te.

Deixei (obrigado por ti)
(e pelas circunstâncias)

(e "aquele")

a deixar-te ir. Sem que voltasses a ser de nós

se é que foste de nós
e histórias de cordel e cama.

E agora desanda. Tresanda aquela história a nada.

Até que voltasses. Até que quisesses.
Se é que alguma vez tivesses chegado.

Que tivesses querido ficar ...




VAz Dias
#palavradejorge

terça-feira, 11 de julho de 2017

Quase Tudo

Apenas me rendo
A ti.
À simplicidade
De ser apenas isto
E isto ser tanto
De quase tudo.
Do "quase" em que
Nunca chegavas.
De que eu não chegava.
Olhámo-nos.
E logo o abraço
Se alongou em amor.
Assim, quase todo
O amor
Que não é todo
Porque levamo-lo
No abraço
Alongado no tempo
E largo no quase.
Um dia antes de quase
Chegarmos
Tivemos toda uma vida
Após os primeiros quases
E esse último.
Quero-te sempre quase
Minha metade!

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Verdes

Desprender.
Ver as coisas mudarem.
A vida a fazer-se sua,
Com a sua própria intenção.
Aperaltamo-nos
Como se fôssemos para
Uma boda,
Como quem despe o fraque,
Desembarque do porto
Onde o barco
Mergulhou o seu baptismo.
Autismo de quem
Dorme com olhos abertos.
Verdes.
Esperança que em maré
Própria se dispersa.
Cópias de fins.
De água que não volta igual.
De nadar nada.
De tragar alma.
De nunca ter ido
Apesar de ter viajado.
Baptismo
De beijo.
Beijei a água.
De nada.
Vida passada.
De nada.
De ti.
De nada!

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 9 de julho de 2017

Que não fique nada por dizer

Quantas vezes
Temos de nos guardar
Para o amor?
Quantas vezes somos
O nosso próprio desafio?
Os dias a fio
Ansiando
Que ele chegue.
Devotarmo-nos ao torpor
Para não sentirmos
Os dias que lhe faltem
- se é que vêm a caminho -.
O amor
Para quem o reganhou
Ou voltou a perder
- se não o abandonou -
É um merecimento
Que se divorcia da sorte.
Deflagramos para a morte
Com os restantes dias.
Até que nos abandonamos
Das perdas
E das eventuais
Que virão.
Aceitamos
O que podemos ter
Entre mãos.
E levamo-nos tão sós
Quanto acompanhados
De nós mesmos.
E nada é fim.
Nem a morte
Nem a puta da sorte.
Somos nós
E o mundo
E o que vier.
Sermos só o que podemos
Ser
E descobrir
Que isso,
Exactamente isso,
É o que temos
E isso basta.

Ontem disse que te amo
E se não o voltarmos
A dizer
Ficamo-nos
Mirando o tempo
A se descoser
De amores por nós.
Se ele quiser.
Se nós quisermos.
Sem sorte
E sem medo de mortes
Ou o que ficou
Por dizer.

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Chama!

Por vezes morremos
Do calor
A que nos devotamos.
Por vezes ardemos
E a chama mantém-se
Assim acesa.
Por vezes derretemos
Do fim
Que o inferno nos chama.
Melhor morrer
De calor
Do que nunca ter
Sentido.
Chama-me!

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 4 de julho de 2017

Arte de nos reencontrarmos

Uma orquestra
toca por trás desse
murmúrio.
soul para cortar
os pulsos da tortura.
Um guitarra eléctrica
que arde no peito cítrico
dos anos.
Perdão?!
Tem sido o tempo
que dispenso
para que nos encontremos
adiante.
Perdoei-me
de não saber fazer melhor.
E a arte
da música que "grita"
subtilezas.
Um dia havemos de ouvir
os mesmos acordes.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Uma boa hora de entardecer

As páginas vão
Chegando ao seu capítulo
Final.
Têm cor alva.
Cada vez mais.
Menos as palavras
Que por aqui
Se te guardavam.
Não eram nossas.
Foram-se desfiando
As amarras
Que sustentavam
A ideia de ser-se história.
Fomos definhando
E a prova disso
Foi nunca termos
Iniciado um título.
Menos uma obra.
Uma hora
Boa para a palavra
Ficar na memória.
Nas acções
Que primam
O que tem de ser.
Desvanecer...
Na orla
Duma história
A maré desfalecer.
Finou.
Uma boa hora
De entardecer.

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 1 de julho de 2017

Amanhece a tarde

Amanhece a tarde.
Tarde é o dia que
Não é aproveitado.
Não é o caso.
Brancura e luz branca
Que entra de céu azul
E da verdura
Que no olhar
Se estanca
No leito cândido
Do teu corpo.
Derramei amor em ti.
Sorri
Porque as manhãs
São quando quisermos!
Amor é quando quisermos.

VAz Dias

#palavradejorge