terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Medo do Escuro

No breu de mais
Uma noite,
Precipitei-me uma vez mais
Pelas vontades minhas
Que seriam das outras.
Transformei-me naquilo
Que queria ser.
Uma sombra das outras
Em cada candeeiro
Aceso.
Preso às suas vontades.

A carne que busca
Amor perdido
Nas vielas,
Nas putas
E nas querelas.
O sino já deu hora
E no escuro mora
O crime
De ser outro
A sombra
Delas.
Roubar-lhes a alma
Enquanto se despem
Enebriadas
Do calor que lhes fugiu.
Foi o desamor que nos pariu
E o sexo
A dor que mais
Nos entretinha.
Vinha mais escuro
De conforto surdo.

Gritavam-se impropérios
Na família das mesmas
Palavras do bem
E do recato.
Um aparato longe de ser
Ouvido de dia.

Esses há muito
Que deixaram de ter medo
Do escuro.

VAz Dias
#palavradejorge

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