Desfolho um a um
Elementos do passado.
Roda num imaginário
Um dado para cair
De pé.
Caí sempre ao pé de ti.
Caí em graça
Dum passado que
Resolvi.
E sorriste com os olhos
Que olhavam perdidos
Para todo o lado.
A beleza, estéril,
Passeava instigadora,
Doutros olhos
Vagueantes.
Vagueámos e caímos
Longe uns dos outros.
Dados que nem contam
Para estatísticas.
Para a auto-crítica
De fazer melhor.
Aprumamo-nos com teorias
E espiritualidade
E depois morremos
Todos os dias
Com pouco para sentir.
Ou demasiado
Drama por pouco.
Troco mais uma fotografia
Deste rolo.
Perco o fôlego
E penso que deveria
Dar um murro na mesa.
E mordo o maxilar
E ranjo os dentes
Que querem vida.
Carne ou amor.
Falta poesia.
Falta esteria por bem.
Falta muito de nós
Em tão pouco
Tempo
Para sempre.
Sempre será assim
E relato
O facto
De me ter sobrado
Esta falta de jeito
Para não escrever.
Desfolho folhas
De papel
Como rolos de imagens
Que se sentiam
Nas impressões digitais.
Sente-se na epiderme
E geme o prazer
De não estarmos
No mesmo espaço.
Faço mais uma
Fotografia
Do banco de memória
Que só eu conheci
Por ter escrito
Essa estória.
Agarrei-me a tudo
E a poesia é não ter
Nada.
Nem no futuro
Nem no Sempre.
Entre isso tudo
Prefiro isto
A que me devotaste.
Amar.
VAz Dias
#palavradejorge
Sem comentários:
Enviar um comentário