segunda-feira, 2 de julho de 2018

Não há terra para Velhos

Saber estar na solidão
É um recato
Que tem tanto
De pouco aparato
Como de pouca compreensão.
Os garotos deitam-se
Contando as dores.
Culpam o mundo
Menos a sua reputação.
Nós os velhos somos
Incómodos.
Um estorvo
Quando comparados
Com a sua razão de existirem
E se fazerem brilhar.
Fecundo foi
O chão
E os pais que deram
A esta geração.
Somos todos mal-entendidos
Ou mal-educados?

Quando éramos novos
Respeitávamos mais
Os velhos e os seus cuidados.
Sapientes
Deram-nos razões
Para silenciar as nossas.

Agora há para aí
Dos nossos
Que lhes dá a razão
Sem serem razoáveis.
E nós, os mais estáveis,
Passamos pela provação
De parecermos
Energúmenos.

Cavámos um fosso
E faço disso
Uma passagem.
Uma ponte de madeira
Suspensa no ar.
Mas não vêm do outro
Lado.
Temos de ser nós
A perfazer o caminho
Acham eles.
Sabem tudo
E nós ficámos
Velhos de saber.

O amor ficou-lhes
Na arrogância de mandar
E nós arrogantes
Não sabemos nada.
Nem da própria arrogância.
Não tem importância.
Morremos sós
E a espécie que se cuide
E o planeta
Continue.

Esta terra não é para velhos.
Trapos que nem se
Vêem ao espelho.
Mortos vivendo
De favor da razão
Informada
E desistente dos outros
Como nós.

Há recato
Quando nos deixam sós...

VAz Dias
#palavradejorge

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