sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Ser Mar e Infinito

Há tantos de mim
Que nem sei por vezes
Se me perco de um
Todo desarranjado.
Levo como arrastão
Rede de levar
Peixes de mim.
Lanço-me ao mar
E a viagem faz
O que sou.
Sem uma definição
Sem uma razão de ser já.
Vou sendo tantos
E com gosto
E prazer
E curiosodade.
Aceito um quadrado
Por agora
Mas entretanto
Sou desalinhado
Nas pontas.
Saio a descobrir
Tudo o que já sei
E vejo com novos
Olhos.
As pessoas mudam
As pessoa novas chegam
As velhas ficaram velhas
Mas há delas que são
Sempre como eu
Novas.
(Estas às vezes
Também irreconhecíveis...
Mas sinto-lhes a pele
Nos olhos
E sei que são tão
Iguais
Como diferentes
De mim.
E logo me alegro
E me sinto menos
Só.
Menos só
De um dos de mim.
Gosto de ser
Vários de todos
Porque o meu mundo
Não acaba noutro.
Há universos pelo
Meio
Como mar que se precipita
Em queda da água
E se faz chuva
Noutro mundo
Que se faz mar
Que desaba noutra
Queda.
Um infinito de vida.
Assim serei
Eu como fui
E foram as gerações.
Se morri
Estou aqui vivo
Para ser o arrastão
E o peixe
E a vida
Das vidas
Que ainda não conheci.

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