Não penso em ti.
Não penso em nós.
Não penso no mal
que este mundo
quer de nós.
Não quero tanto
o teu mal
quanto o mal
que em mim
cresceu.
Somos adultos
e o mal faz parte
de crescer.
Mas mal por mal
ficamos sós
e acompanhamo-nos
de bem.
Aos bocados.
Nos bocados
que não quisermos
os outros.
Que os outros não
nos queiram.
Que o amor seja
um mal que vem
por bem
e que se alimente
connosco à mesa.
Refastela-te e digere-me.
Corre e queima-me
caloria.
Eu também correria
se soubesse
que seria a tua fome.
Come-me
se é para voltares para
ti.
Fico aqui
a dar frutos
do mal e do bem
do mundo.
Um amor de Adão
que mais morde
em ti do que no seu fruto.
Usa-me como o
usufruto que faço
de ti.
Assobia-me e leva-me
o luto do fruto
no chão caído
sem eira nem beira
nem mão
nem maneira
de te engolir.
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