domingo, 22 de maio de 2016

Morre um poeta

Esta paz desconfia de si própria.
O poema esvazia
buscando razões do coração
para voltar a escrever-se.
Não há dor nem exultação.
Apenas um exercício lúdico
de tempo que se esgota
na neutralidade dos outros.
A paixão ou a dor deixaram
o lirismo sem amante.
O que é um poeta sem paixão,
nem dor?
Um alto-comissário da paz
mas sem ardor.
Sem nada para dar
aos que morrem de amor
e dos que ressuscitam
de prazer latente.
Morre um poeta
Sem nada disto presente.

VAz Dias

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