sábado, 2 de setembro de 2017

Fome fora d'horas

Flutuo nas ruas
Do asfalto quente.
É de noite
E de repente
Os cheiros ficam
Impregnados nas memórias.
Gente que come fora
De horas.
Que corta o cabelo
E faz provas
Da vaidade em que corre.
A cidade corre também
Mas nas ruelas come-se.
Frita-se.
Cozinha-se.
Fala-se como se come.
Com muita fome.
Muita fome de tudo!
Não dorme a cidade.
Não arrefece.
Cresce a fome
Que às horas
Desobedece.
Flutuo ao que parece.
Tenho fome a toda a hora
E corre o tempo
Tão depressa
Que me desaparece.
Mordo-lhe as horas
Para que me reste
Algo mais do que
Apenas memórias.
Madrid fora d'horas.

VAz Dias

#palavradejorge

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