quinta-feira, 11 de julho de 2019

Latente

sei que és terra fértil
de onde o fruto
se toma pela mão.
que o suco
é água na boca
e brisa rouca
por antecipação.
o corpo comove-se
em lágrimas de alegria
como a flora
se abre molhada ao dia.
és carne
e vontade entregue
à lei da natureza.
mais depressa ardo
eu do que a fome
à mesa.
estou carnívoro
e arranhado por dentro.
engoli-te ao vivo
e ao litro
e à tonelada.
preenches-me as medidas
assimétricas
entre o silêncio
e um teu gemido.
a tua terra
deixou de ser fronteira
para ser destino.
e eu corro
por ti
e contigo até ao mar.

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