terça-feira, 13 de agosto de 2019

de brisa em costas

amar como
se não existisse
o fim.
como se os medos
fossem o próprio
amor
e nele se rendessem
e se tornassem
a razão de nos
expurgarmos
um no outro.
ficámos com este
amor de espaço
e de ausência.
nem se marcava
presença.
apenas a subtileza
das brisas
que se sabem sentir.
continuo a soprar-te
as costas.
continuo a não
ir para lado algum
senão onde devo estar.
e estar pode ser
partir
ou ficar sem se ver.
soprei-te uma
brisa nas costas
para que não tenhas
medo.
dedo ante dedo
deixei
que nos fizesses tarde.
ou nunca.
mas uma brisa
nunca esteve
se alguma vez
a não sentisses
pelas costas
e pela nuca.
usa como as vestes
que te desnudam
e assume que somos
frágeis.
que juntos somos
pele e o nunca.
a purga do amor
e as delicadezas
com que nos
fizemos livres.
amar o corpo
porque a brisa
é a coisa mais
táctil que poderemos
alguma vez ter.

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