queremos
tanto gritar esses
silêncios
todos para aqueles
que são mudos
se sintam nossos.
eu deles.
nós nossos.
e andamos a fugir
para isto. estamos
a definhar de gritos
porque nem uns
nem outros
querem ser ouvidos.
"poetas,
isso é Ser vivo?"
não consigo
que me escutes
porque eu também
não sei se quero
gritar assim.
paredes sujas
das palavras
que escrevi e rasurei.
o teu nome
foi tantas vezes
escrito e tantas
vez proscrito
da minha memória.
mas há chagas
abertas por dentro
do que ainda não fomos.
nunca seremos
porque já o fomos
nos outros.
fim do mundo
de sonhos.
lençóis lavados
e corpos nulos.
amores sujos.
gente miúda.
poeta e puta
e puta já não
deambula por essa rua.
dissimuladamente
sabemos
que isto pouco
dura.
este mundo
era da tua pertença.
falta de crença
e palavra atirada
para o meio da rua
como a profissional
violada
na sua altura.
poeta morto
na boca que grita muda.
para quê tanta
ternura
e saliva?
livra!
um tiro no escuro
a meia-lua.
assassinei a parede
e nem assim doeu.
resvalámos
o céu.
calámo-nos.
adeus!
terça-feira, 20 de agosto de 2019
parede suja
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