domingo, 16 de outubro de 2016

Cabo do medo

Ofereceste-me o impossível.
De todas as manifestações
Do universo
Escolheste esse imenso
Manto da rejeição.
E rejeição é algo
Que não me alfige.
Porque o tempo muda
As pessoas imutáveis.
As pessoas mudam
Porque os contextos mudam.
As necessidades são imperiosas
E mantêm-nos cativas
Dos seus ditâmes.
Mas esse impossível
É o cenário que desenhas
Para ti.
Para que nenhum outro homem
Se abeire
Do cabo do medo
Que és agora.
Não é rejeição que em mim
Depositas, que faz o medo,
É sim a impossibilidade
A que te ergues
E que te amedronta aos que te querem,
Resvalando de ti.
És ainda a última impossibilidade.
A que dobraria essa tormenta
De ventos gélidos de passado
Com correntes marítimas
De levar em diante.
Resvala tu também de pedra dura
Em viagem solta.
Há quem voe de rocha
E mergulhe no futuro por ti.
Senão eu,
Todos os que morrem de impossibilidades
Por te tentarem viver.

VAz Dias

#palavradejorge

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