terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Não está escrito...

Desejo-te!
És tudo que eu sempre quis.
Tudo o que um homem
Poderia desejar.
E agora não tenho
Palavras minhas.
Todas aquelas
Cresci
Para dizer.
Todos crescemos
Para o mesmo.
Mas o meu jeito
Arruinou essa estória
Tão tacitamente aceite.
Não sou a história.
Passei a outra.
Difícil mesmo
É que lá estejas
Mas não importa.
Aqui estou onde tenho
De estar.
Há pessoas que não têm
De estar onde as histórias
De amor estão.
Eu não estou aí.
Estou onde tu me encontrares.
Não está escrito...

VAz Dias

#palavradejorge

Bela Imprudência

Digamos que és amor.
Não te conheço.
Digamos
Que tudo o que conheci
De amor
Esteve errado.
Digamos que serás tu
A boa nova do amor.
Digamos que quero
Acreditar em ti.
Achas que me quero
De novo perdido
Por tanto amor diferente?
Perdi-me de amores
Vezes demais.
Ou tenho coração a mais
Ou ainda mais
Sou imprudente.
Tenho sido coerente.
Sou demais dos dois
E remeto-me à desistência.
Amo nada
Ou quero tudo
Que não me
Incomode.
Já não morro de amores
E olho os casais
A amar lá da sua maneira.
Cada um tem a sorte
Que merece
E em que se tece.
Que tens
De novo para me oferecer?

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Isolamento.
No meio de todos
E do movimento.
Desandei
E estou sem perceber
Onde me perdi.
Se calhar é só
Hoje.
Há "hojes"
A mais.
Não sei onde me
Perdi.

Vou desligar.
Desaparecer.
Dormir.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Verteu num mar...

Quanto vale a liberdade
Se não houver
Ninguém para amar?
Corremos um mundo
Doutro mundo corrido.
Saboreamos o veneno
Em que ele terá
Caído.

Vale a liberdade de um
Homem nunca vergado.

De um homem
Sem ser impositor,
Ser nessa demanda
Cada vez mais só,
Destemido.

Vale a solidão.
Veneno que se cospe
E a hipocrisia desses escravos
- dessas impostoras! -
E destemor que se leva na
Palma da mão,
Colhido.

Cai-me a lágrima
Por não cerrar o punho.
Jorra mais
O mar da humilhação
A que o mundo
Se afoga.
Fico secando o
Que na barba
(Veneno,
Lágrima ou outro
Excedente)
Terá vertido.

Só, num mar imenso
Do que poderia ter sido.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Vez da Voz

Amar a intemporalidade.
O corpo que se guarda
Para mais tarde
- se é que "tarde"
Valha neste nosso
Destempo! -
És um invento meu.
Minha nada.
Mas és desamor de sempre
E eu não posso
A isso ficar alheado.
Afectas-me a imaginação
Pura da realidade.
Dicotomias
E nós mais tarde...
(Adoro a tua voz!)
Arde!

VAz Dias

#palavradejorge

O tempo que escoa

Entre tudo o que sei agora
E o resto que nunca fiz ideia
(Desconfio que mais,
Mas não sei)
Admito o tempo a escoar-se.
Mas não está já
Desde que nascemos?
O tempo certo para as coisas
Para mim não existe.
Ou escolhi assim
Ou a força das circunstâncias
Assim o fez por mim.
O que é o tempo certo?
E a pessoa certa?
E as duas abraçadas em si?
Já consegui.
Aquele amor tão certo
Em tempo e oportunidade.
Milagre!
E depois...
Fim!
Catástrofe!
Mas não.
Também sobrevivemos ao Amor.
Incrivelmente dele
Podemos sempre nascer
De novo.
Para o tempo certo
De outras coisas.
Mesmo que incerto.
Mesmo para coisas
De outras coisas.
Está tudo perto
Mesmo que as desejemos
Ao longe.
Porque é o caminho
Que queremos trilhar
Que faça valer a espera.
Seja mais rápida
Ou longa.
E se não for nada
Não tem importância,
Há fartura!
Há imensidão!
E o tempo escoa...

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O que não te serei

Nunca soube o que
É amor.
Se te disser
Que te amo,
Acreditas?
É que fá-lo-ei por ti.
Por espasmo de mim
E partilharmos
Algo.
Nunca vou estar presente.
Não vou fazer-te
Todos aqueles mimos
E a preguiça de ficar
Em casa.
Não vou envelhecer
Contigo.
Não vou ficar gordo
Por mais que queiras
Ou que nos desleixemos.
Não vou complicar
Com contas
E finanças
(O vil metal mata relações).
Não vou mentir-te
Por mais que queiras.
Vou ser eu,
Tão somente eu
Com este feitio,
Este egoísmo...
Esta tão minha
E amada liberdade.
Aguentas solidão?

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Falido Jeito

E se sou um falido
Do jeito?
Se é que tive
Sequer
Algum dia jeito?
Não seria já um elogio
A preceito
À tua "persona"?
Sou garoto de velho.
Sem idade
Como te conto.
Sem freio.
Sem subterfúgio.
Sem rodeio.
Se perder?
Nunca se perde uma
Oportunidade.
E se foi mesmo
A última?
Nunca sabemos
Mesmo contar
Cada última.
Cada feito.
Cada vez
Que me vês
O defeito.
Os defeitos.
De facto.
Já leste isto
Tudo
E melhor.
Mas com este
Tipo de defeito?
Com este tipo?
Desafio-te!

VAz Dias

#palavradejorge

Corpo da Palavra

Imagino a palavra como
Corpo.
O teu
Onde me debruço.
És mais bela
Do que as fotos
Que em ti procuro.
És menos irreal
Do que elas.
És mais bela.
Porque a cada segundo
Um espasmo
Em mim
Alvitras.
Evitas ser tão
Anatomicamente
Aceitável
À minha torrente.
Mas és corpo à minha
Palavra
E eu corpo sou
Que não se impede
Ou trava.
Escrevo-te porque
Não faço amor
Contigo doutra forma.
Nunca morreste.
Ganhaste
Num desejo
Nova alma.
Palavra de poeta
Se isso de alguma
Coisa te valha.

VAz Dias

#palavradejorge

Inapetência

Aceito que os corpos
Não se desejem.
Que se estranhem
Ou se pelem
Um do outro.
Para a saudade
Ou o regresso.
Provocação
Ou inapetência.
Processo tudo isto
Como o perdedor
Que também sou.
Aceito perder
O teu corpo agora.
E sempre se quiseres.

VAz Dias

#palavradejorge

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Sangro poemas

Corto-me
Com lâminas
Afiadas.
São palavras
Que atiro
E me rasgam
Por dentro.
Sangro poemas
E não me consigo
Esvair
Até secar a vida
Nelas guardadas.
Que dor aguda
Que não pára!
É um exagero...
Eu sou um exagero!
Ontem era dador
De sangue
E vida para o alheio.
Alheei-me de dar pouco
De tudo.
Saltei e esbardalhei-me.
Parti-me todo
Em letras difusas
Que acoplavam
De prazer momentâneo.
Unicidade que logo
Se multiplicou em nada.
Agora sou um agarrado,
Com sangue pisado
Por dentro.
Sangro
Poemas
Sedento
De
Morrer
Convenientemente.
Sangro poemas.

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Vagão Vazio

É aí tão longe
Que me acalmas.
Que fazes dos
Meus sentidos
E razões
Serem brandos
No inferno em que
Por vezes me torno.
Tu
E este poema
Disfarçado.
Tu e eu
Sem nunca sermos
E um beijo teu
De longe atirado
Me resolver.
E que Deus me perdoe,
Pois deixou-me
Aqui ardendo.
Também foi de ti
E agora transcendes.
Em tudo!
Até nas pobres linhas
Que vou acumulando.
Vagão estranho
E vazio
Que nos espera naquela
Viagem que nunca aconteceu.
Nem sei quando
Se é que algum dia
Nos fará ao destino
Engano.
Propalo amor
E no entanto
Não o tenho.
Tenho-te!
Aqui nestes momentos
Onde apenas existes
Por não estares.
Por seres esse ser
Irreal
Que mais faz por mim
Do que todas as realidades
Em que vou embatendo.
Sabes fazer-me desaparecer
Dor.
Sabes dar-me o meu tipo
De amor.
Se é que existe "tipo".
Aquele que não existe.
Só onde existo
Como orador
De poemas tristes
E sem qualquer futuro.
Como nós,
Num vagão qualquer
Daquela viagem
Que não espero.
Existes-me
Pelo meio.
Aí tão longe.
Apelo-te...
Apelo.

VAz Dias

#palavradejorge

Não sei se deva...

Não sei se deva.
Se escreva mais
Para a alma
Aquele buraco tapar.
Tiros pela culatra
E estímulos
Pessoais.
Necessidade de amor
Ou escrever
Para me calar.
Magoei-me agora.
Fui longe demais.
Chapada de luva branca
E lavagem de roupa
Secando ao tempo
Naqueles estendais.
Não sei se deva
Envergonhar-me
Envergonhando o alheio.
Exaltando-o
Até me calar.
Murro na boca,
Trancando o maxilar
E o que tinha
De dizer.
Calo-me de humilhação
E tento crescer.
Mesmo velho...
A apodrecer.
Não sei se deva
Dar mais tiros
Nesta alma
Que se pendura
Por atilhos
Ao peito
Que começa a ceder.
Não sei se deva
Ser eu...
Ou o que estou aqui a fazer?

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 19 de fevereiro de 2017

~ Fim ~

A cada dia em que
Me torno apenas poesia,
Distancio o amor
De mim.
Arte plástica de sentir
Com emoções
Inteiras.
Assino o fim
Do que ele,
O Amor,
Representa objectivamente
Para mim.
Não é uma pessoa.
Não são as pessoas.
Nem o tempo.
É o Fim.
Poeta é morte
De passar
Para outros lados.
Compulsivamente
Vou assinando
O atestado de morte
Desse amor
A dois para sempre!
Vivi e agora
Para esse Amor
Morri.

Fim.

VAz Dias

#palavradejorge

Multiplicado

Repetição.
Acerto da conjugação.
Repetir e criar
A igualdade.
Estagnar multiplicando.
Foi o que fui
Fazendo deste meu sentimento.
Arrumando.
Bairro operário britânico.
Cinzento
Repetido.
Brando.
Um mais outro
E outros tantos.
Parecidos.
Iguais desvanecendo.
O sentimento
É esse bairro
De casas iguais
Que da vista
Se vão perdendo.
Fim da rua.
Fim do movimento.
Estagnação
E hábito.
Rápido!
Muda
Que a rua encurta.
Desmembra-se
Com astúcia
A tortura do "loop".
Bater no cego
De surdo
E mudo de gritar.
Rasgar a mordaça
E rebentar.
Maxilar que desaprova
O alinhamento
Da palavra atirar.

Fui a uma rua sem saída
A cara estoirar!
Um filho da puta
Que fazia pior
Em nome do amor.
Pahhh!
Um murro na tromba
Para acordar.
Um murro na mesa
Para um muro virar.
"Vem cá que te arrumo
Com poesia!
Morro mas sobrevivo.
Tu morrerás nesse muro
De lamentação
Que é essa repetição
Multiplicar.
Eu saltei a saída.
Desalinho com um maxilar
Que tu não sabes
Decifrar.
És bairro pobre
De cinza por dentro.
Fogo apagado
E repetição.
Triste!
Pequeno...
Não me consegues matar!"

VAz Dias

#palavradejorge

Efémeros...

Tanta é a fartura
Do Tudo!
Como nos expomos
E de nada nos damos.
Percebemos
No entanto
Que pouco podemos
Receber.
A nossa moeda de troca,
Desvalorizada.
E agora?
E amanhã?
E o amor?
E o nada?
Tudo é efémero
E receio que nos
Habituemos
À fraca partilha
Da alma.
Desconhecemo-nos!
Pálida,
Desbota a alma
E colorida de filtro
Fica a fotografia.
E nada me acalma
Para o que aí vem.
Se vieres
Vens de defeito como
Eu.
E melhor do que
Eu.
Porque sempre me vou
Render à esperança de
Ti.
Da beleza
E da bondade de
Ti.
Amor
Meu!
Não sei da nossa alma.
Não sei onde se
Perdeu.
Onde ficou?
Onde foste
Amor meu?
Perdi...
Perdemos?
Quem mais perdeu?

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Pequenos são os de Temores grandes

Só somos do
Tamanho a que nos
Diminuímos.
Tudo o resto é grandeza.
É entregarmo-nos
Ao que melhor temos
De genuíno.
De perfazermos
O nosso caminho.
Aceitar
Mesmo de cara rebentada
A morte.
Aquela que chega feroz
E ferida de desnorte.
Já morri tantas vezes
Que não serão
Vós
(Pequenos do caminho)
A ferir-me de morte.
Sabeis de amor
Como eu sei
Da vossa sorte.
E sabei que eu pouco
Sei
O que é amor.
Mas mais do que vós
Certamente!
Mas vós não tendes
Ideia pequena
Do que é a morte.
Daí o medo
Que vos cavalga
O olhar.
Daí o temor
Com que magoam
Os outros.
Abraçai-a.
Fecundam-se dela
E depois saberão ver.
E se eu cá não estiver
Não tenham medo,
O universo é muito maior
E nada valemos.
Eu como vós.
Boa sorte!

VAz Dias

#palavradejorge

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Entre dois Tempos

Temos de saber
O que contempla
O nosso bem-estar.
Se a verve
Que nos catapulta
Para o sucesso?
Se a vontade
Que nos faz ir
Em dia chuvosos?
Se a paciência
Para ficar
Cá dentro de nós
Mesmos?
Em todas elas
Tu não estás.
Não quiseste.
Ou achaste que era
De bem
Para o teu bem-estar
Seguir.
Fico aqui estagnado
Entre dois tempos
Achando que nada
Desenvolve.
Deixando o mundo lá
Fora desabar.
Imprimo a minha
Mais enérgica inépcia
E aqui me mantenho
Tão congelado
Na tua falta de calor.
Escrevo para não me ter
Em tão pouca conta.
Mas tudo merece
Que eu te mande
Para onde já foste.
Não me permitiste
Essa delicadeza
E agora só há um que sofre
Com a morte
Que lá fora sofre
A perda da tua
Desmesurada beleza.

VAz Dias

#palavradejorge

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Mero Poeta

Podia pôr-te um nome
Nos meus desejos
Mais íntimos.

Foste passando a escrever
No meu peito
Impossibilidade.
Foste ensinando-me
A escrever
E passei a escrever
Do peito
Poesia.
Quem a ama assim tanto
Começa a descobrir
O que é a
Impossibilidade.
É o Amor
Que se perdeu um dia
Por se ter chegado
Antes de se ter feito tarde.
É Amor que se ofereceu
E na verdade...
De nada valeu.
Não é moeda de troca
Para esta realidade.
(Nunca seria!)

Pobre é o poeta
Que o Amor ofereceu
E ficou contando
Os furos
Desse cinto de castidade
Que aperta
O prazer e a vontade.
Essa mordaça
Que canta em nosso lugar
E que apenas o
Olhar alcança.
Vejo a impossibilidade
Trespassar-me
Como a lança que no nosso
Coração se afia.

E tu não danças.
Não ficaste para me ensinar
Essa parte.
Deixaste o teu doce olhar
Afogar-me de vã esperança
E pintaste palavras
De arrependimento
Nessa mordaça.
Ranjo os dentes.
Enguino o maxilar
Para não te dizer
Que em todas elas
Me ensinaste a perder
E para ganhar,
Teria de ser poeta.
Ganhaste minha amiga
Fatalidade...
Sou a Impossibilidade!
Não sou mais do que um
Mero Poeta.

VAz Dias

#palavradejorge

Estamos longe...

Esta proximidade
Está a apartar-nos.
Todo o nosso desejo
É penso rápido
Para o que cada
Um desejava.
Afinal sou eu
O que abre feridas,
O que vê perdidas
Todas as esperanças
Alicerçadas
Em sonhos
De outras tantas
Desilusões.
Esperanças
Mal criadas.
Coxas duma pata.
Ilusões infundadas
Em romantismo
De feminina índole.
De alimento
Dos diários delas.
Leite materno
E amor debaixo
Da sua saia.
Estamos a apartar-nos
Quando nem sequer
Fomos próximos.
Fomos pela poesia
E pela circunstância,
Mais nada!
Bamboleias de novo a coxa
E eu sou todo
A antítese da razão.
Está tudo bem.
Podemos continuar
A ser estranhos
Sem outra opção.
Estamos longe
De sonhar.

Estamos longe...

Tão longe


De pertencermos a uma
Mesma convicção.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Fim é Fim!

Sabes,
Nem força,
Nem coração tenho,
Para me aborrecer
Mais?

Aproveito as vezes
Que me perdoei
E outras tantas
Às demais
Para estar
Em paz.

É triste querer-se tanto
E não saber dar mais.
Eu sei.
E dou.
E não cobro.
Estes silêncios
Ficam para quem
Precisa mais
E eu já renunciei.

Sabes,
Ganharias em
Connosco estares?
Eu e tu
E o que de bom
Inventássemos.
Em conjunto.
Mas tens
Esse tempo todo.

Espero que o aproveites
Melhor
Do que foi de nós
Os dois.
Tenho de ir...
Lamento.
Só pude ficar
Até aos últimos silêncios.

Amor. Amizade.
Vontade e destemor.
Leva estes ecos
Para quem achares melhor.
Um gosto.
Aproveita com tempo.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Todo. Tudo!

Chega neste instante!
É presente
E tão importante
Que para o futuro
Estejas presente.
Premente
É o desejo com
Que conjuro
Para que desta vez
Sejamos nós
(Finalmente)
A ficarmos juntos.
Sou teu.
Se tudo o que quiseres
For o que sempre
Esperaste.
Eu sou todo um contraste
Das coisas do coração,
Mas acredita amor,
Sou o que esperaste.
Vem neste instante
E a tua felicidade
Será para mim, tudo!
Todo um futuro.
Todo.
Tudo!

Recolhe-te em mim Amor

Escuto a Ella.
Vem do passado
Com a luz
Que nas planícies lunares
Reflete do futuro.
Penso em ti agora
Porque tenho tudo
Em redor
Da nossa impossibilidade.
Fiquei só
Vivendo a alma das coisas
Sós.
Conforto é imaginar-te
Comigo.
Mesmo que não.
Engano este serão
Da madrugada alheia.
Saxofone
Que norteia
O que a lua
Me alimenta na fome.
Isto era tudo
Para nós.
Espero que o amor
Me chame
Para a cama junto
De si.
E tu aqui.
Na minha beira.
E o sonho
Que ambos tome.
"Amor fica descansada,
Dorme!
Está tudo bem.
Amo-te como desde
Sempre.
Mulher não sabes já
Que sou o teu homem?
Recolhe-te em mim
Amor. Dorme!"

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Corpo Vazio

A tortura é o amor
Que era nosso
E escolheu ser de outro.
De outra
E de nos retirar
Tudo.
Porque lhe demos tudo.
E o pior
É que eu sou o mais
Louco
Por lhe dar crédito
De novo.
E de velho.
E de enfermo me resolvo.
Morro.
Não sei como
Aqui estou com tudo
O que não tenho.
E tu não estás.
Aconteceu tudo de novo.
E agora o que amo?
O que vou amar?
Viver para quê?
Para o poema
Onde nos resolvo?
Estou velho perto
De morto.
E todos vós,
Vivos,
Sem escrúpulos
Brindando ao amor.
Não sei...
Não sei o que é isso.
Nem sublimar os corpos
Nem me perder em ninguém.
Alguém me perdeu
Para o mundo
E fiquei eu poeta
Para contar tudo.
Até ao último tostão
Desta transacção
Que só teve valor
Para um.
E nem isso.
Nem um sobrei.
Num futuro
Não saberei
O que é puro.
Juro que morrerei.
Juro!

VAz Dias

#palavradejorge

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Coração Indigente

A culpa é relativa.
A acusação desmedida.
O que é agora
Amanhã não tem
Qualquer saída.
E depois tem.
Porque somos o que
Temos de ser.
Cumprir o nosso
Caminho.
E depois?
Não foi o que merecíamos?
Calhou a todos.
Não há culpa
Quando o coração
Busca o que busca.
O que tem de ser tem.
E por vezes não encontra.
Ou desencontra-se.
E vários ao mesmo
Tempo.
Quem mais coração
Parece ter
Também é o que se
Afligiu mais.
Não é culpa,
É sobrevivência
E luta.
É entrega total
E relativa.
Mas o que se alarga
Por todos os que
Encontra.
Culpa?
Culpa é não querer encontrar.
Culpa é não buscar.
Culpa é não arriscar
E não amar.
Culpa é não saber
Desamar
Quando não se foi amado
E seguir.
Seguir amando ainda mais
O mundo.
Cada um tem o seu fado,
O seu lado obscuro.
Mas faz luz
Ou que o busque!
A culpa é relativa
E é pedra que cai
No telhado de qualquer um.
E o meu é aberto
Para que no coiro
Caiam
E se aguente o embate.
É de quem é com o coração
Persistente.
Vem o mundo
E para dentro dele
Toda a gente.
Mesmo os não culpados
E os menos inocentes.
Coração culpado
É de errónea vertente.
Quem ama desmedidamente
É alvo de quem
Ama na medida pequena.
Culpa-se facilmente
Sem buscar as razões
Ou tentar amar
Com o coração
Nosso,
Indigente.

VAz Dias

#palavradejorge

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Desencontrei-nos

Sabe-se que é na saudade,
No tempo que se vai estendendo
Em diante,
Que aguda
Se torna a perda.
Pensava eu que ainda
Andava procurando
E afinal encontrei
Depois de perder.
Sem nada ter feito
Para que isso acontecesse,
Perdi.
E agora e no entanto,
Nada posso fazer para reaver
Nem me deixar em pranto.
Cá me vou aguentando
Enquanto o tempo
Vai passando.
Aguda é a dor entretanto.
Só enquanto não passa
E tu não voltas.
Sou óptimo
Na perda lenta
Encontrando-me...

Filhos do Desamor

Como posso parar eu
Se quando desperto
Tudo é vontade
De me levar para a criação?
Se nem os desamores
Me destroem
E ainda mais me agitam
Para deles
Se fazer filhos?
Filhos do incógnito.
Filhos da interrupção.
Filhos da impossibilidade
Do coração.
Seja intelectualizante
Ou popular
Tudo nos passa pelo coração.
Comunicar
E criar
Sem mãe.
Mas com amor.
Mesmo o desamor
Deve à mãe
De todas as criações.
A vontade.
Amarei mais tarde.
Tenho filhos para criar.
É arte.
É impossibilidade de me calar.
É não ter medo de morrer só.
É mais!
É para a todos dar criação.

VAz Dias

#palavradejorge

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Poeta do Nada

Só te consigo tocar
Sendo poeta.
Se te tentar
Tocar
Sendo homem
Desapareces
E eu desapareço
Desta terra.
Deste momento.
Maldição a que me imponho.
Não consigo
Deixar de te ser estranho.
Só sendo poeta
Com as palavras
Em novelo
Desenrolas com
Anseio.
No homem não sou
Nada para ti
Ou no máximo
Nem meio.
Sou todos os outros
Provavelmente
E assim
Como escrivão...
Sou único.
Maldição de não te poder
Fazer cativar de mim.
A palavra é a ponte
E o abismo
No fim.
De entre ti
E mim
Esta distância que se cava
Por ser
Um homem simples.
Maldição de não poder
Ser menos.
De te apegar em mim
De carne.
De salivarmos
E de nos
Mordermos como cães
Esganados.
Maldição de nada
Fazer como qualquer
Outro gajo.
Reajo
E só sai palavra.
Beleza que me trava
De te ser natural.
Cristalizado
Em papel.
Plural de nada.
Nem singular.
Nem meio.
Homem sem ti.
Poeta do nada!
Boca molhada
Sem beijo de ti!
Poeta do nada...
Só assim.

VAz Dias

#palavradejorge

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Língua Morta

Dois menos
Um
São zero.
Matemática do coração
E a ciência
Que eu tanto quero.
Porque um
Mais um
Devia dar um.
Nem mais nem menos.
Mas não dá.
Essa matemática
É língua morta
Que desiste da felicidade.
A única que me assiste
É a poesia.
Razão da emoção
E a única linguagem
De continuidade.

VAz Dias

#palavradejorge