Tenho de viajar para fora de mim.
De novo.
De nova forma.
De ser mais um outro eu.
Já não conto os que já fui.
Já não conto os que
com outro fui.
Tenho de viajar para fora de mim.
Viajar para terras do sol
e enviar-me postais.
Sim, como se eu fosse
objecto da minha própria saudade.
Já nem tenho saudades
de mim próprio.
Já sou só saudosista de postais.
De manuscrever com erros
e sem edição.
Sim, há algo antigo a redesecobrir.
Há algo que está fora de mim,
viajado por aí.
Espera por mim como amante
que se esconde esperando.
Como se fosse aquela nova paixão
acelerando.
Vou devagar de vez em quando.
Só a viagem mais lenta
permite que me vá transformando.
Tenho de viajar para fora de mim.
Não gosto deste meu "eu",
desta vez.
Não gosto como me tratam
e têm razão... não sou o melhor mEu.
Vou viajar para dentro de ti
saltando por entre espelhos
e mais reflexos.
Vou deixar os restos
nas cópias que não me fazem
somadas.
Vou amar um dia quem
sempre soube amar
e talvez parar por aí.
Pousar lentamente para as
décadas de quem se fina
sorrindo.
Vou partindo para aí chegar
se chegar aí for partir de novo.
Vou ser a revolução
e o exílio de mim próprio.
Vou viajar para fora de mim
e escrever poemas
que me salvem a pele
e te façam viajar comigo.
Se não fores tu
como eu não sou sempre.
Viaja para fora de mim
e sente a saudade
que eu já não sei sentir
neste mEu! nesta mudança de mim.
Vou viajar para fora de mim.
Fim (de novo).
segunda-feira, 29 de abril de 2019
mEu...
De novo velho
Procurei-te na poesia
antiga.
Peocurei-te na futura
e começas a ficar cada
vez mais nova.
E eu cansado de correr
atrás da nossa juventude.
E tu és cada vez mais
tantas.
E eu não sei do amor
que te perdi.
Não há tanto espaço assim
num peito.
Só se fosse Deus.
Se Ele existisse.
Se eu soubesse amar
quem não me ama.
Se eu soubesse amar
todos os que me amam.
Só sei ficar velho
na ideia do amor.
Só sei que vou morrer
sem saber do teu amor.
Olhei-me ao espelho
e de novo
fiquei velho
e de amor
fiquei morto.
domingo, 28 de abril de 2019
Menina Pétala
Apesar do mundo ir desabando nos nossos olhos, nos nossos temores e na profusão das nossas críticas sempre há lugar ainda para um dia de sol enquanto uma criança desajeitada procurando o ritmo dança. Apanha uma flor e rouba-lhe as pétalas. Não é maldade, é sopro de artifício que cai em câmera lenta no nosso sorriso e na memória de quem já fomos em pequenos. A mesma menina que dança evitando a sombra de quem enebriado pelas torturas da vida já não encontra em si essa criança.
Convivem no mesmo espaço enquanto a banda toca. Soul e os dois seres reagem. Ela com tudo para aprender e ele com muito do que desaprendeu. Mas ainda ébrio, parece manter um balanço e um carinho humano para com a criança que ali dança evitando a sombra que de si se alonga pelo chão. Tenta ensinar-lhe a dançar no ritmo. Pega-a sem que outros vejam nisso mal. Eu porque tenho noite e vejo a desesperança como parte dos dias contenho-me, mantenho-me focado à paz da banda, o sol e a esperança que existe no futuro das crianças que deixam entrar luz e atiram pétalas aos males. Sentou-se à minha beira. Senti-me desassombrado e feliz com aquela menina, que como um anjo se sentou ao lado da noite. Éramos dia e paz enquanto a banda tocava e os males, o ébrio que também fui com a sua dança, tentava espantar.
Talvez é só encontrarmos a infância em nós e parar. Deixar o tempo andando para a frente e relembrar o que já foi paz. Deixar o tempo ser as pétalas que nos caem em câmera lenta e a música a frequência para balançarmos em diante. Talvez isso nos vá bastando para que a criança em nós se sente de novo ao nosso lado e nos faça sorrir simplesmente.
sábado, 27 de abril de 2019
Não me Sais
não me sais do corpo.
não me sais da cabeça.
não me sais do sabor na boca do futuro.
não me sais do corpo e não quero.
não me sais como orgasmos que explodem por dentro.
tu és contentamento.
mas não estás.
e no entanto, não sais.
é a tua forma de olhar.
é a tua forma de me atrair para ti.
tão longe e aqui.
tão dentro de mim.
Corrente
Vou-me embora.
Deixo algumas coisas
para trás.
Deixo aquela parte
de mim e de ti.
Vou com costas rasgadas
e a carne crua
ao sol.
Espero que o universo
conspire o suficiente
para ter brisa e não arder
tanto como na cara
da minha perda.
Deixo para trás tudo de novo
com cicatrizes
de todos.
Sei bem o que me espera.
Essas ravinas
já me conhecem o passo.
O sangue misturado com
o suor das perdas.
As colinas
as lágrimas de não querer
subir mais.
De não querer saber mais.
Não querer saber de mais nada!
Mas vou
e vou a correr para chegar
mais uma vez mais longe.
Sei que corro para mim
cada vez menos
de todos
e mais estóico.
Mais de mim.
Mais sozinho.
Mais quê?
Para onde irei
se não houver mais
ninguem senão eu?
quinta-feira, 25 de abril de 2019
Vento d'Este
Mantenho a pergunta pelo tempo dependurado.
Faz a vontade de estar o poema
ou o poema faz querer estar?
E assim num eterno retorno
se debate o pragmático.
Mas o tonto,
mascara-se de poeta
e apaixonado por tudo.
Vê no espinho e no silêncio da rosa
a razão de ir e voltar.
Há poema mais belo que a flora
que existe para além da contemplação? Contudo contemplo.
E a beleza reside em ti
para além da pétala,
ou do caule
ou do espinho que defende o interior. Vem o vento e despe.
Vem o intento e despede-se o vento. Venho pelo vento,
venho pelo vento.
Não te cales!
por muito que não queiras falar.
não fales!
por muito que queiras dizer.
não fales!
por muito que queiras gritar de descontentamento ou prazer ou os dois abraçados.
não fales!
porque é a tua liberdade de falares
o que quiseres
quando puderes.
usa essa boca linda
para me calares.
com silêncios.
com beijos.
ou com nunca.
mas não te cales
quando a tua liberdade
e o amor
te roubem da tristeza
e da desesperança.
não te cales por mim.
Revolução em mim
és a revolução!
a intenção de me libertar
das liberdades de mim.
mas também sou poeta.
sou noite que
acorda contigo no dia.
és dia que vens dançar
na minha cantiga
pela noite dentro.
és sorriso malicioso
de tão bom.
dança enquanto o tempo
alcança os desejos.
tu és um desejo.
és beijos.
és mais um tom
que faz a música cantar.
dançar dentro da minha cabeça.
dançar dentro de ti.
és uma pista de dança
e a canção que não tem fim.
és a beleza e a liberdade
em mim.
és a revolução
que solta o grito
que se estende no tempo.
e eu sei que não seremos
sempre
mas teremos a liberdade
como nosso alibi.
como a nossa canção
e a noite de ti
no dia de mim.
e o que ficou
para sempre...
só assim.
terça-feira, 23 de abril de 2019
Tirei Bilhete
Tirei bilhete para uma
viagem.
Nela cabia toda
a bagagem das viagens
anteriores.
Arrumava as roupas
com os sorrisos
daqueles outros lugares.
Daqueles meus "eus"
e o que de lá as gentes
e a terra e o ar
fizeram de mim.
Tirei bilhete
e ofereci outro.
Esse bilhete era muito
mais do que um convite.
Era uma lembrança
dessa pessoa
e de todas as que foi
até agora.
Era a simplicidade de lhe dar
de si
mais do que de mim.
De que servem bilhetes
se não pudermos
desfrutar da viagem
dos outros na companhia
da nossa?
Tirei bilhete
para me lembrar que
as viagens fazem de nós
o que nós quisermos.
Mais foram as vezes
que viajei ao centro de mim.
Aos confins de partes
que desconhecia de mim.
Aí aprendi a viajar fora.
Para longe ou perto.
Mas viajar na companhia
de outro viajante
ainda é uma aventura
enorme para mim.
E uma que vale a pena
continuar a destinar-me.
domingo, 21 de abril de 2019
Salitra, Sal e Salgada
Salitra
que penetra
a minha convicta
necessidade de praia
e do desejo de ti.
És sal na minha pele.
Salgada água
que sele o teu
sabor em mim.
Mar de vezes em
arena embrulhado
em ti.
E ainda há marés
por aqui acostares.
Eu sou a terra
e tu a vida que desagua
em mim.
Eu sou a terra onde desapareces
de nós.
Eu sou a terra árida
se não vieres.
sábado, 20 de abril de 2019
Física e Química que batem no Peito
A aparência do
divino quando somamos
matemática com casualidade.
Quando tudo bate certo
em harmonia
entre si.
A química que faz a física
envolver os corpos.
Os corpos que se amam.
O amor que transcende
a química voltando
ao divino.
A casualidade de novo
ou o destino?
E dizer não porque
somos a imperfeição
e a solução.
O amor e o desamor.
O início e o fim.
O fim que dá ao início.
O fim de que o início
é feito.
O início do fim
de tudo o que foi feito
e foi desfeito.
E no meu peito
mil corações batem.
Mil milhões de amores
e desamores.
A física da química
que não faz um único,
mas que faz aos meus
olhos cada um único.
Para mim
com mais afecto
e empatia.
Todos cabem
e todos cabem em mim só.
É pecado?
É um estado
de ter sem possuir.
Ser sem me serem
mais do que podem.
É a aceitação
de tudo que pode ser
pouco
e o pouco
que no meu peito
tudo pode ser.
Este é o amor
que discirno
e que sinto.
Sinto porque penso.
Sinto porque não penso.
Sinto porque não quero pensar.
Sinto porque também não sinto.
Sinto porque não quero sentir.
E depois amo.
Amo mais do que penso
Amo mais do que pensam.
Amo porque não penso.
Amo porque não pensam.
Amo porque sinto
quando não penso
e penso,
que amor cabe mais
em mim, se ainda assim
cabe no meu peito
o que sinto e penso?
quinta-feira, 18 de abril de 2019
Receita para um poema
Receita para um poema.
Não ponha grande coisa.
Não floreie demasiado,
já temos a primavera para isso.
Temos de guardar
modéstia no nosso paradigma
ainda que estouvado
... ainda que meio calado.
Não ponha muita gente
mas sim deixe que vá ter
com toda a gente que o queira.
Deixe-o a marinar
se não o quiser para o cru.
Pode ser uma salada
mas a dieta é para o
corpo
não para o sentimento.
Sirva-o pronto a tragar
com dentes e presas.
Com unhas e ventos
e as palavras que por dentro
dos outros voem.
Saboreie cada momento
dele. Deixe-o ir.
Ele é nosso e volta
se precisar.
Deixe que seja alimento
doutros.
Deixe
e receite a quem queira
escrever.
Largar nas bocas dos outros
a fome que nos
toca a todos.
Sacie-se!
quarta-feira, 17 de abril de 2019
CÉU, SOL E SAL
desce o céu sobre o mar.
beija-o levemente.
o sol que se ausenta
acaricia-lhe o horizonte.
e o "proximamente".
diz-lhe que o tempo
não se ausenta permanentemente.
o beijo toca e fica,
como o céu que se deita
com o mar na noite pretendente.
um dia destes beijamo-nos
mesmo que tão perto
e tão longe como o céu da gente.
terça-feira, 16 de abril de 2019
Insanidade da Pequena Cidade
Na lembrança de ti
surge a paz.
Balança e como
ainda és capaz.
Amor fui ver
o mundo fora de nós.
Está ainda mais louco.
Eu já nem me reconheço
na minha insanidade
adquirida.
Eu sou são
e isso entristece-me querida.
Não sou da tua sanidade
elevada à quase santidade
humana.
E eu sou louco por pessoas
e por ti.
Mas esta está a matar-me,
Como eu nos estava.
Não por mal.
Não por não te querer.
Porque eu só vivo
bem com as pessoas
que precisam de mim.
Da minha loucura
quanto baste.
Da boa gente marada.
Quero que se alastre
mas o teu amor é mais forte.
É mais forte
do que esta gente
capaz de me tirar do sério
que é ser demente
e ter essa sorte
em cada momento.
Lamento ainda não ter
voltado.
Talvez nunca volte e este
é o meu fado.
O meu único amor
perdido e que
me mata de saudade.
Prefiro morrer de loucura
do que nunca mais te
ter.
Mas morrer da loucura
alheia
é a pior maneira de perder.
De me perder.
De te perder.
sábado, 13 de abril de 2019
O Sem-jeito do Beijo
Deu-se um dia
ao beijo
como se ele fosse de
dias. Fosse de tempo.
Há coisas supostas
para fazer pará-lo.
O beijo é um deles.
E há quem tenha
o dom de acertar
relógios comigo
e esquecermo-nos deles
na mesinha de cabeceira.
De saírmos dali
molhados em línguas.
[Nem se estende
nem míngua.]
Nem se entende
como o tempo desaparece.
Mas apetece
ficar no leito
desse seu beijo.
No lençol de comodidades
a que o amor faz
por se apresentar,
eterno.
O outro é o amor.
Havia um tempo
em que os beijos
faziam o amor.
Agora,
que o tempo não
nos ouve,
é o amor que faz
o meu beijo.
Esse imperfeito
acaso de amar
esse teu beijo.
Fico sem jeito
desse jeito.
Amor
com efeito,
Beijei-te.
sexta-feira, 12 de abril de 2019
Vento por Dentro
Desencanto
do mundo e de tanta
coisa.
E quase de mim
em ti Poesia
e tu de mim
que nada precisas.
Não é que não oiça
o teu chamamento
e de alguma beleza
do mundo.
Mas estou quase
a ficar mudo
da eloquência
e da persistência
em lutar.
Não há amor.
Há invisibilidade
no meu toque às
coisas.
A flor que não me
sente e persistirá
em crescer ate à morte.
A água que passa em
mim mais branda
ou mais forte.
Mas passa e eu
sinto nada.
Tudo passa
e eu tenho mais meia
vida para me reinventar
ou acabo por aqui.
Não é preguiça.
Não é intento.
É ser vento que já
passou e sair
sem que se seja
visto.
Sou um vosso
invento
já que eu
Nem isso.
sábado, 6 de abril de 2019
Poema de Mau Gosto
Só não posso amar-te
mais do que isto.
Só não posso amar-te
mais do que a dor
que inflinjo.
Só não posso amar-te
mais do que é saber
dor em ti.
Só não posso amar-te
mais do que a liberdade
que me isola.
Só não posso amar-te
mais do que o abraço
que de mim a ti cola.
Só não posso amar-te
mais do que o teu
abraço que a mim descola.
Só não posso amar-te
mais que qualquer outro
que te dê tudo
como o que dás
a quem amas de coração
inteiro.
Só não posso amar-te
mais porque não tenho
um coração inteiro.
Só não posso amar-te
mais por todas as palavras
que despedaçaram
o todo de um coração.
Só não posso amar-te mais
do que a vida toda que já tive
e que morreu comigo
e com os outros.
Só não posso amar-te
mais porque não sei
de facto o que é o amor.
Só sei que senti
tudo o que nunca senti
e que não senti
tudo o que tu merecias
ter sentido.
Só sei que isto tudo
é um poema de mau gosto
para ti
e que amor
é um teatro mal amanhado
de poeta que inventa
amor.
Só não sei como
alguma vez mereci
esse amor todo
e agora vou ter de fingir
que nada sei
de novo.
Só não sei sentir
o que devia sentir
ou a liberdade de ficar.
Fico sozinho
sem ti.
Que liberdade é essa?
Lights and Music
Fui ouvir
a música longe de mim.
Na minha cabeça
estavas lá dançando
comigo.
Como nas festas
em que te vejo
lançando olhares
de desejo
ao presente.
Fui ouvir a história
das repetições
compassadas onde sorrias
a meu lado
embriagada pela minha
presença.
Foi sempre assim
ainda antes de te ver.
Antes de me disparares
o batimento
e tudo o que tenho
na cabeça.
É dessa beleza
que me dá dois pés
de dança
e a esperança
de irmos um dia
sorrir lado a lado.
Passo a passo
batida seguida
e baile de miúdos.
Quero isso tudo
contigo.
Amor na pista
à música e à
brisa que chega
da tua vista.
Que beleza!
Que sorriso
do tamanho da vida!
E agora,
danças?
sexta-feira, 5 de abril de 2019
Mar de Gente
No meio do nada
com tanto por fazer.
Dizer é tão pouco.
Cantar as estrofes
é maré que não finda nada.
Fui eu que finei.
Prefiro morrer
por aquilo que fomos,
fosse um mar
ou um trago da fonte.
Água
Mágoa
de beber
e sobreviver.
Afundar e vir à tona
de novo.
Um baptismo pioneiro
e o asseio
do novo ser.
Mas vem sempre
o amor que por ali morreu.
Vou sobreviver
nesta vida nova
onde nós não somos
nada.
Melhor, eu não sou nada!
E há lá melhor
forma de dizer que o amor
que ali ficou,
antes da maré,
do trago e da morte
foi vida?
Vou sobreviver
enquanto vives alta
e límpida como a água.
Eu vou ser mar
de gente sem te ter.
Vou-me perder
nos recantos
e no tempo do mundo
até ser outra coisa qualquer.
Mesmo que seja
ser só eu.
quinta-feira, 4 de abril de 2019
Morreu o sol um dia
E o fim ficou
lá para trás.
Adensa-se a memória
e o baque
alarga a inflamação.
Olho para o cinza
que pinta o vidro
que eu tinha colorido.
Havia traços teus
e tinta escorrida
pelos teus desejos.
Os nossos.
Mas calo a saudade
com poemas ao mundo.
Humedeço o tempo
lá fora
para que não me rasgue
a pele até ao âmago.
Sinto que é ali entre o peito,
passado
e o futuro que seria.
Morreu um sol
um dia
mas a sua luz
cintilava
anos-luz nesta via.
Já não a via
tanto quanto queria.
Ela foi indo
e eu deixava que
assim fosse.
Que morresse
antes da dor.
Foi para isto
que a vida me trouxe.
segunda-feira, 1 de abril de 2019
Passo por Palavra
esperava ver-te.
esperava ver que a saúde dançava contigo.
esperava intimamente, sem que soubesses,
levar-te ao outro lado
da lua.
onde nem o tempo
daria por nós.
nem ninguém.
só sentados à sua beira
a beijar estrelas.
a beijar a falta
de gravidade
e levitar contigo.
perder o peso das coisas.
se fizéssemos amor
seria para sempre
e se não
ficaria com um sorriso
dependurado.
esperava levitando.
Céu Frio
Olho-te e não nos
vemos.
Vejo o amor
como algo para ti.
Assenta-te bem
como ao mundo.
Não visto essas roupas
de inverno nunca mais.
Não vivo só de verão
mas aprendi a suportar
o frio.
Passei a ser um nórdico
em países temperados
e tu fazes-me lembrar
os dias quentes
como nos frios
me vestia do conforto
de acalentada gente
como tu.
Fui eu que viajei para
fora
e lá fiquei a enregelar.
A bater o dente
e dançar com os arrepios.
Não chegámos a ser
estações nos anos
e apenas uns apeadeiros
e verão temperado.
E é assim que me quero
ver para sempre contigo.
De resto passei os anos
necessários para
pedir nacionalidade nórdica.
Ou dos picos
onde o céu parecendo
ser tangível
apenas é uma realidade fria.