Tenho de viajar para fora de mim.
De novo.
De nova forma.
De ser mais um outro eu.
Já não conto os que já fui.
Já não conto os que
com outro fui.
Tenho de viajar para fora de mim.
Viajar para terras do sol
e enviar-me postais.
Sim, como se eu fosse
objecto da minha própria saudade.
Já nem tenho saudades
de mim próprio.
Já sou só saudosista de postais.
De manuscrever com erros
e sem edição.
Sim, há algo antigo a redesecobrir.
Há algo que está fora de mim,
viajado por aí.
Espera por mim como amante
que se esconde esperando.
Como se fosse aquela nova paixão
acelerando.
Vou devagar de vez em quando.
Só a viagem mais lenta
permite que me vá transformando.
Tenho de viajar para fora de mim.
Não gosto deste meu "eu",
desta vez.
Não gosto como me tratam
e têm razão... não sou o melhor mEu.
Vou viajar para dentro de ti
saltando por entre espelhos
e mais reflexos.
Vou deixar os restos
nas cópias que não me fazem
somadas.
Vou amar um dia quem
sempre soube amar
e talvez parar por aí.
Pousar lentamente para as
décadas de quem se fina
sorrindo.
Vou partindo para aí chegar
se chegar aí for partir de novo.
Vou ser a revolução
e o exílio de mim próprio.
Vou viajar para fora de mim
e escrever poemas
que me salvem a pele
e te façam viajar comigo.
Se não fores tu
como eu não sou sempre.
Viaja para fora de mim
e sente a saudade
que eu já não sei sentir
neste mEu! nesta mudança de mim.
Vou viajar para fora de mim.
Fim (de novo).
segunda-feira, 29 de abril de 2019
mEu...
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