domingo, 11 de janeiro de 2015

E são portuguesas. E ainda bem!

A mulher portuguesa.
A moderna. A que não lê blogues sobre interacções pessoais. A que fala abertamente sobre os seus sentimentos. A que abdica dos joguinhos de manipulação com quem se interessa por não ter medo (e também ter. É humana "for god sake"!). A que também é clássica. Porque estima certos valores. A que sorri com uma banda de luz sobre os olhos como em filme a preto e branco só porque goza da sua capacidade de se mascarar só por divertimento. A que amou, deixou de ter amor e ainda assim, se digna não correndo para o próximo só para não estar só. A que acorda desgrenhada e de hálito miserável e assim sorri como se nada fosse com ela. A que beija sem vergonha da convenção. No meio da rua. À chuva. Ou onde tiver de ser. Mas com convicção. A que vai correr sempre que pode. Não para a estética. Para jantar e falar de boca cheia em roda de amigos. Para se rir à gargalhada de boca cheia (mas que pede sempre perdão na mesma) A que se arranja, mas não é vitima da voga. A que trabalha e luta. A que é também mãe, filha, irmã e neta e que não perde uma para com os seus estar e cuidar. A que abraçou uma causa só porque tinha tempo livre e queria aprender com os outros. A que lê como dança. Que canta desafinadamente no duche e não só. Que tem piada por não se esforçar mesmo quando a maior parte não tem. Who gives a damn! A que fala outras línguas com um sotaque ferrenho de portuguesa só porque sabe que mesmo assim se faz entender. A que sempre que pode, diz que gosta e ama os que gosta e ama com um abraço recheado de história e um olhar nos olhos de autenticidade.
Ela pode não existir numa só pessoa, mas existe em todas as mulheres que eu estimo e quero bem. E são portuguesas. E ainda bem!


Vaz Dias

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