Partes-me o coração
de dez maneiras diferentes.
Em dez partes iguais.
Primeiro quando te abeiras
e de repente vais.
Porque razão de nós
assim te subtrais?
Segundo quando não vens.
Quando tudo o resto
é mais importante e de mim
nem te deténs.
Terceiro quando distante
sou eu.
Surges-me de doçura perigosa
aproximando-te em candura.
Do inferno levas-me ao céu.
Quarto que não entro.
Não conheço e na letra invento
poder entrar.
Deixas-me para as mesmas paredes
olhar.
Quinto quanto mais te conheço
a outra reconheço.
Há uma que me ama
e outra o avesso.
Sexto do sexo.
Morro por de tão bom.
Porque o coração me apertas
e inflamas desconexo.
Sétimo deveria ser o céu.
Que me dás e tiras.
Atirando-me às profundezas
pelo jeito como de mim te recrias.
Oitava é a voz
que me canta ao ouvido
inebriando os sentidos
para logo depois,
apenas em sonho poder ter mantido.
Nona é ser ela.
E ela ser minha.
Tão minha que nunca dela terei
mais do que esta cantilena
e este fatídico destino.
Dez vezes dez.
Que pela última vez me partirás
o coração. Porque deixarei.
Porque partirás sem o teu
sequer ter beijado.
Mas porque és tu.
Porque este foi um amor por ti
inventado.
Deixa-me apenas este décimo,
que me lembre um dia
alguém ter amado.
A ti, neste nosso
amor velado.
Vaz Dias
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