Oh mar que te
desterras deste meu pesar!
Leva-me na próxima maré
e ensina-me
de água respirar.
Inspiro-a como o amor
que em nossas lágrimas naufragou.
Como toda a chuva
que no mar dos tempos se molhou.
Porque desta terra o ar
é tão mais pesado de suportar.
Leva-me às tuas águas
de novo banhar.
Porque a água que chorámos
e que fizemos mar
faz de mim dono
do seu amor de novo reclamar.
Oh mar que te
desterras deste meu pesar!
Leva-me na próxima maré
e ensina-me
de água respirar.
Dos pecados me redemi.
Da alma, deles me fiz purgar
com lágrimas do passado
e do que delas aprendi a respirar.
Talvez aprenda o valor
da respiração... ou de viajar.
Talvez aprenda a amar a água.
E dar a volta que de volta a esta terra me traga.
Porque não foi o ar desta terra
que se fez pesar.
Foi não ter mais coração
quando o amor nas suas águas se fez zarpar.
Oh mar que te
desterras deste meu pesar!
Leva-me na próxima maré
e ensina-me
de água respirar.
Vaz Dias
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