Deixaram de se falar.
Com tantas palavras
Que lhes faltara.
Com tantos gestos
Que ficaram
Por germinar
Dessas palavras...
Deixaram de se falar.
Tinham tido espasmos
De outras vidas.
Assim se convenceram
Para fazerem jus
Ao facto de se terem
Conhecido.
Espasmos partilhados.
Tretas etéreas
Para se convencerem
Do tempo e do espaço.
Talvez se encontrariam.
Talvez.
Mas não!
Decidiu-se não.
O mais covarde
Aceitou
E o mais bravo
Arrependeu-se.
Esperariam nada.
Jogariam no reflexo
Do espelho
As mil oportunidades
Enjeitadas.
Mil por reflexo
De alguns gestos.
Espasmos
Por simpatia corporal.
Não se foram nada.
O mais que foram
Foi de quando um era
E outro não chegara.
Uma atrapalhação
Desse mesmo universo.
Tão estupidamente
Diferentes
Com a vida pela frente.
Um acidente
Prestes a acontecer
Que não deu em
Nada. Diferendos.
Não chegaram a agitar
As partículas
Por explosão.
Ficaram implodindo
Anseios.
Fracos.
Feios.
Pequenos seres
De receios
E de valentias
Perdidas em horóscopos.
Pobres músculos
Que não deram
Corpo à vontade.
Deixaram de se falar
Esperando o tempo
E o espaço falar
Por eles.
Mudo
Gozou com as suas
Caras.
Eram marionetes
Do tempo passar
Até arranjar espaço.
Universo de um cabresto
Que fez de cada um
Palhaço.
Passo a passo
Um dia aprenderiam
(Talvez)
A falar.
Um com o outro.
Ou nada disso.
Dar-se-iam um
Abraço,
Calado,
Mudo como o universo.
Deixaram de se falar.
Só isso...
VAz Dias
#palavradejorge