terça-feira, 3 de outubro de 2017

Dobro ou Nada

Onde desapareço de mim?
(Poder tirar umas
Férias da minha pessoa...
Ter saudades dos meus
Melhores dias?)
E ainda assim sinto-me mesmo
Perdido de mim,
Como que esperando
A minha chegada.
Sou uma espera adiada
Do melhor eu.
Já conquistei um dia
Essa ideia.
Devíamos ser mais
A ideia do que nós
Próprios.
Cumprimos destinos
Mínimos
Quando podíamos
Dar ao mundo tanto mais.
Fui sempre metade do que podia
Ser
Contudo nos meus exagerados
Saltos à convicção,
O dobro.
Dobro ou Nada!

Faço o que os outros
Não querem ou receiam.
Sou irascível
Pela necessidade de abrir caminho.
Rasgo demais
Na visão dos outros.
Rasgo-me
Porque tenho sentimentos
Que se entranham
Nos polos gelados duma
Terra.
Só me conheço assim parvo,
O suficiente para fazer acontecer
E mais do que suficiente
Para querer desaparecer
De mim.

Fico-me contigo hoje
Aqui.
Dialogamos
Entre estranhos
Dos outros que nos veriam
Maiores.
A sós
A sermos metades
Para ser normal.
Saltamos ao mesmo tempo
Para parecer
Que somos maiores
Do que os nossos
Mínimos.

Tenho uma depressão
Escondida no meio dos maxilares.
Ranjo os dentes
E prossigo
Fazendo os dias merecedores
Dessas férias.
De nós
Que agora falamos
E saltamos
Nas ideias.
Palavras para quê?
...

VAz Dias

#palavradejorge

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