quarta-feira, 3 de maio de 2017

Carta de Apresentação

Devíamos sempre que pudéssemos
E sempre que a outra pessoa
Quisesse
Dar-nos a conhecer numa
Carta de Apresentação.
Mas num poema.
Num simples sistema
De não deixar quaisquer dúvidas
De quem somos em cada
Instante.
Do que a outra pessoa
Pudesse tomar como bastante.
No meu poema
Eu sou um poeta.
Sou um poeta por fraqueza
De amor.
Desse que leva as pessoas
A juntar trapinhos
E um dia (quem sabe? ter filhos).
Com franqueza
Tenho ciclos
Onde me vejo
A reproduzir noutro ser
Com alguém.
De nesse ciclo transformarmos
A nossa cumplicidade
Num ser.
Dele ser alimento e ar
Que complementa o alimento
E ar
Que somos um para o outro
Do nosso (tão nosso!)
Alimento e ar.
Noutros sou tão meu.
Perdido e reencontrado
Em paixões.
Na amizade dos que
Um ser ama.
No amor e paixão que me
É oferecido.
Julgo sempre que vou ficar
Só.
Mas sem drama.
Já acreditei no Sempre
Para Sempre
E Até Que a Morte nos Separe
Como princípio.
Mas a vida e esse amor
Muda-nos.
Temos coragem para mudar,
Para morrermos
E reinventarmos
Um melhor "eu".
Acreditei e morreu.
Acreditei mas não acreditou.
Era para ser e não foi.
Quiseram e eu não pude.
Quiseram-me e pude.
Por um tempo.
Por muito tempo.
Por nenhum tempo.
Mas sou de ser
Se a oportunidade
Prevalecer.
De sermos os dois.
Até ser.
Talvez ainda vá ser.
E se não for?
Aceitamos de novo morrer.
Viver para lá da morte.
Há amor mais forte?
Saberei se for
O momento certo.
Se quiseres.
Senão estou por perto
Nos corações de todos
Ainda que longe.
Um dia destes faço-nos
Um poema.
Num altar
E se não numa praia
- sem problema! -.
E se não farei em algum
Momento que celebra.
Farei um poema por dia.
Um livro
Duma árvore se a plantarmos.
Faremos poemas
Calados.
Faremos um livro
Para os nossos amados.
Um dia.
Se formos um pelo outro
Encontrados.

VAz Dias

#palavradejorge

Sem comentários:

Enviar um comentário