terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Amaldiçoados Amantes como D'antes

"Entrei,
E o desejo era passear-me
Diante dele.
De dançar e espantá-lo
Dos meus males.
Ele era um mal
Que me queria.
Queria tanto.
Ele sabia o que era
Um cataclismo interior.
Um desabamento
Emocional
Cada vez que dançávamos
Um olhar (abraçados)
No outro.
Ele era tão bem
Mas éramos tão mal!
Ele sabia porque via dos meus.
Via como os meus olhos.
Os nossos olhos.
Os nossos olhos
Espelhavam
Toda a luta dos corpos...
Todo o suor
Espremido pelos poros.
Mas calei-o em mim
Com poemas.
Com estratagemas
De silêncios
E de gritos
De o querer
Mais do que fazê-lo desaparecer.
Ele aparecia-me
Como eu me fazia apresentar.
Fugidia!
Ele não me pertencia
E eu era de outra vida.
Nós teríamos sido outra vida.
Mas devemos ter morrido
De costas voltadas
E o universo nos castigou,
Não com amor,
Mas com o ardor
De quem deseja tanto
A morte
Como o próprio desejo.
Ele sabia disto tudo
E no entanto culpei-o
Por eu ser tão culpada.
Tão arrebatada.
Não por ele
Mas pela intemporalidade
Da energia com que fomos
Amaldiçoados.
E eu amaldiçoada
Por ter sido por ele
Tão amada.
Ele sabia disto tudo
Porque ele era eu
Amaldiçoado pelas palavras
Que um dia me escreveu."

VAz Dias

#palavradejorge

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