domingo, 16 de novembro de 2014

"Desespertares"

Vinha caminhando.
De onde, não sabia.
Nem tão pouco
desejava saber.
Em noite de breu,
de conta se deu,
que em sua posse 
se fazia
de um telefone
acompanhar.

"-Telefono-te desta vez
por já nem de senso
a última chamada
me lembrar.
Estaria eu inebriado?
Ou pelo contrário,
tão esclarecido,
para te ter chamado?
O que faltou?
Quanto tempo passou?
...
Amo-te!"

(e do silêncio que pautava
o hábito desta circunstância,
a única,
e que estranhamente
desenhava uma recorrência...
Surpresa de Fénix!
Irrompia
aquela voz
do outro lado)

"-Também te amo!"

Amar(gava-se) a boca.
Humedecia-se a alma.
De tanto silêncio
e de palavra tão pouca.
Ele agora, chorava-lhe 
as suas palavras presas
na intemporalidade.
Explicava-lhe
a necessidade
de tudo-nada 
ser desvendado.

(o silêncio voltara.
Como se nunca
ela ali tivesse
estado.
Não esteve.
Como talvez também
nunca o tivesse amado)

Envergonhado,
desacompanhado,
vencido...
acordado!

...despertou de novo
de um sono
mal sonhado...


Vaz Dias







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